FOUCAULT E A MICROFÍSICA DO PODER NA
ESCOLA
Por Dimas Cunha
Universidade Castelo Branco-RJ
Dentre
os filósofos pós-modernos que exerceram suas críticas ao paradigma da
modernidade - que supostamente seria o projeto de emancipação do homem pelo desenvolvimento
da razão - Michel Foucault particularizou sua observação no poder dissecando-o
e percebendo-o nas mais diversas atitudes dos indivíduos que integram a
organização social.
O
interesse dos filósofos pós-modernos estava nas singularidades e particularidades.
A particularidade do poder foi o objeto de estudo de Foucault. Para o filósofo,
com o advento da modernidade as sociedades desenvolveram uma nova forma de
organização do poder. Segundo ele, algo aconteceu a partir do Século XVIII, e
descentralizou o poder da esfera política e o espalhou por todos os espaços do
organismo social. Como se fosse uma reação em cadeia a fragmentação do poder em
micro poderes conferiu a este mais força eficiência. Deixando de lado as
estruturas que dão sustentação ao Estado, Foucault concentra sua análise nos
poderes exercidos pelos mais diversos atores sociais que, ao incorporarem as
normas da disciplina social as exercem nos vários ambientes da vida
profissional.
A microfísica do poder postulada por ele
afirma que não há um só espaço na sociedade onde poder não esteja presente.
Segundo Foucault, a dominação no âmbito social não é exercida de cima apara
baixo nem é hierarquizada em grupos ou por indivíduos, todavia, está
disseminada em toda a sociedade. Para ampliar e dar mais especificidade ao
poder que exerce a sociedade apóia-se na utilização dos discursos que cria e
divulga. Com o decorrer no tempo esses discursos passam a ser aceitos como
verdade.
Sob
esse ângulo é possível perceber o discurso da racionalidade técnica sendo
divulgados para justificar as declarações de guerra e genocídios, como o
extermínio de judeus nos campos de concentração nazistas e a destruição da
população japonesa em Hiroshima e Nagazaki, durante a segunda Guerra
Mundial(1939-1945).
Segundo
Nietzsche, os valores são produzidos pela sociedade. Por sua vez, Foucault
através do método de pesquisa genealógica utiliza em seu discurso o argumento,
que valores como bem e mal, verdadeiro e falso são aceitos em função dos
interesses relativos ao poder dentro da sociedade. Portanto, é a sociedade que
produz o padrão ético e por intermédio do discurso cristaliza-o no imaginário
popular. É o poder criador da sociedade produzindo verdades, realidades e seus
respectivos conceitos. O poder é a central de produção da realidade, rituais de
verdades e domínios dos objetos. Para Foucault, vivemos numa sociedade
disciplinar, na qual, predomina a produção de práticas disciplinares de
vigilância.
Um
exemplo disso verifica-se nos discursos e práticas científicas que,
aparentemente são neutros, entretanto, exercem um poder de regulação e
normatização comportamental nos indivíduos sob a bandeira do conhecimento
científico. Por meio do saber o poder exerce domínio sobre o corpo, a mente e a
intimidade humanas.
Para
conhecer sua dinâmica e relações Foucault propôs a arqueologia do saber, cuja
finalidade era entender os discursos das sociedades e seus significados ao
longo da história. Através da arqueologia do saber o filósofo pretendia
conhecer o nascedouro, a transmissão, utilização e substituição dos discursos
no processo histórico-social, uma vez que estes dão sustentação às estruturas
de controle social, que determinam o modo de pensar, ser e agir dos indivíduos.
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