segunda-feira, 5 de março de 2012

A MICROFÍSICA DO PODER


FOUCAULT E A MICROFÍSICA DO PODER NA ESCOLA

Por Dimas Cunha

Universidade Castelo Branco-RJ

Dentre os filósofos pós-modernos que exerceram suas críticas ao paradigma da modernidade - que supostamente seria o projeto de emancipação do homem pelo desenvolvimento da razão - Michel Foucault particularizou sua observação no poder dissecando-o e percebendo-o nas mais diversas atitudes dos indivíduos que integram a organização social.

O interesse dos filósofos pós-modernos estava nas singularidades e particularidades. A particularidade do poder foi o objeto de estudo de Foucault. Para o filósofo, com o advento da modernidade as sociedades desenvolveram uma nova forma de organização do poder. Segundo ele, algo aconteceu a partir do Século XVIII, e descentralizou o poder da esfera política e o espalhou por todos os espaços do organismo social. Como se fosse uma reação em cadeia a fragmentação do poder em micro poderes conferiu a este mais força eficiência. Deixando de lado as estruturas que dão sustentação ao Estado, Foucault concentra sua análise nos poderes exercidos pelos mais diversos atores sociais que, ao incorporarem as normas da disciplina social as exercem nos vários ambientes da vida profissional.

 A microfísica do poder postulada por ele afirma que não há um só espaço na sociedade onde poder não esteja presente. Segundo Foucault, a dominação no âmbito social não é exercida de cima apara baixo nem é hierarquizada em grupos ou por indivíduos, todavia, está disseminada em toda a sociedade. Para ampliar e dar mais especificidade ao poder que exerce a sociedade apóia-se na utilização dos discursos que cria e divulga. Com o decorrer no tempo esses discursos passam a ser aceitos como verdade.

Sob esse ângulo é possível perceber o discurso da racionalidade técnica sendo divulgados para justificar as declarações de guerra e genocídios, como o extermínio de judeus nos campos de concentração nazistas e a destruição da população japonesa em Hiroshima e Nagazaki, durante a segunda Guerra Mundial(1939-1945). 

 Segundo Nietzsche, os valores são produzidos pela sociedade. Por sua vez, Foucault através do método de pesquisa genealógica utiliza em seu discurso o argumento, que valores como bem e mal, verdadeiro e falso são aceitos em função dos interesses relativos ao poder dentro da sociedade. Portanto, é a sociedade que produz o padrão ético e por intermédio do discurso cristaliza-o no imaginário popular. É o poder criador da sociedade produzindo verdades, realidades e seus respectivos conceitos. O poder é a central de produção da realidade, rituais de verdades e domínios dos objetos. Para Foucault, vivemos numa sociedade disciplinar, na qual, predomina a produção de práticas disciplinares de vigilância. 

Um exemplo disso verifica-se nos discursos e práticas científicas que, aparentemente são neutros, entretanto, exercem um poder de regulação e normatização comportamental nos indivíduos sob a bandeira do conhecimento científico. Por meio do saber o poder exerce domínio sobre o corpo, a mente e a intimidade humanas.

Para conhecer sua dinâmica e relações Foucault propôs a arqueologia do saber, cuja finalidade era entender os discursos das sociedades e seus significados ao longo da história. Através da arqueologia do saber o filósofo pretendia conhecer o nascedouro, a transmissão, utilização e substituição dos discursos no processo histórico-social, uma vez que estes dão sustentação às estruturas de controle social, que determinam o modo de pensar, ser e agir dos indivíduos.












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