Para o Brasil, que em 2007 propôs a Rio+20 e que estará presidindo a reunião, é essencial que as discussões se guiem pelo princípio da não-regressão, que não aceita retrocessos com relação a conceitos e compromissos internacionais previamente assumidos. Esse princípio torna-se ainda mais importante diante dos desafios globais que requerem a adoção de soluções inovadoras e ousadas para enfrentar as necessidades dos três pilares do desenvolvimento sustentável de forma abrangente e equilibrada.
Os
resultados devem garantir que todos os países sintam-se capazes de implementar
as decisões adotadas no Rio com base na criação de condições adequadas – os
recursos necessários de natureza financeira, tecnológica e de treinamento –
para implementá-las, construindo assim uma visão compartilhada de
sustentabilidade válida, que prevaleça durante as próximas décadas. É
importante destacar que a Rio+20 é uma Conferência sobre desenvolvimento
sustentável, e não apenas sobre o meio ambiente. O desafio da sustentabilidade,
portanto, representa uma oportunidade excepcional para se mudar um modelo de
desenvolvimento econômico que ainda precisa incluir plenamente as preocupações
com o desenvolvimento social e a proteção ambiental.
Para o
Brasil, as discussões na Rio+20 devem servir para incrementar a conexão entre
os objetivos gerais expressos no conceito de desenvolvimento sustentável e a
realidade econômica, tornando-se, assim, um instrumento para implementar
compromissos com o desenvolvimento sustentável. Para aprimorar e disseminar o
conceito de “economia verde”, o Brasil propõe que a Rio+20 examine a “economia
verde inclusiva”, destacando a importância do pilar social e resumindo o
propósito da Conferência (“economia verde no contexto do desenvolvimento
sustentável e da erradicação da pobreza”). Dessa perspectiva, as discussões
devem focalizar um ciclo sustentável de desenvolvimento, com a incorporação de
bilhões de pessoas à economia, com o consumo de bens e serviços dentro de padrões
sustentáveis.
A “economia
verde inclusiva” já encontra um exemplo em políticas públicas de vários países,
na forma de programas em áreas como transferência de renda; atividades para
promover a conservação ou a recuperação ambiental; apoio a segmentos da
população cuja renda se origina na reciclagem de resíduos sólidos; disseminação
de boas práticas agrícolas usando tecnologias acessíveis a pequenas
propriedades rurais e famílias de agricultores; e treinamento em tecnologias
com maior eficiência energética.
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