Sudão do Sul se torna o mais novo país do mundo
O Sudão do
Sul se tornou oficialmente em 2011 o
mais novo país do mundo, ao oficializar sua independência do restante do Sudão.
Nas ruas da
capital do país, Juba, centenas de pessoas comemoraram a mudança logo após o
horário oficial da separação do norte.
Segundo o
enviado da BBC a Juba Will Ross, às vésperas do nascimento do país as rádios
tocaram sem parar o hino nacional sul-sudanês, composto por estudantes locais.
O país nasce
a partir de um acordo de paz firmado em 2005, após 12 anos de uma guerra civil
que deixou 1,5 milhão de mortos. Em janeiro de 2011, 99% dos eleitores do Sudão
do Sul votaram a favor da separação da região, predominantemente cristã e
animista, em relação ao norte, governado a partir de Cartum, onde a população é
em sua maioria muçulmana e de origem árabe.
Nesta
sexta-feira, o governo do presidente sudanês, Omar Bashir, reconheceu
formalmente a independência da parte sul de seu país. Ele estará em Juba, no
sábado para a festa, assim como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que
será recepcionado pelo presidente interino do Sudão do Sul, Salva Kiir
Mayardit.
Apesar de
possuir grandes reservas de petróleo, o Sudão do Sul nasce como um dos países
mais pobres do mundo, com a maior taxa de mortalidade materna, a maioria das
crianças fora da escola e um índice de analfabetismo que chega em 84% entre as
mulheres.
Embora não
haja estatísticas oficiais, a ONU estima que a população do país varie entre
7,5 e 9,5 milhões. O Sudão do Sul também nasce sendo um dos maiores do
continente, superando as áreas de Quênia, Uganda e Ruanda somadas.
Abyei e
Kordofan
A
independência está sendo celebrada sem que as fronteiras entre o sul e o norte
já estejam completamente definidas. Um foco de tensão é o debate sobre quem
ficará a região de Abyei, rica em petróleo.
Em maio,
forças do Sudão do Norte entraram em Abyei. Os conflitos forçaram 170 mil
pessoas a deixarem suas casas, para fugir da violência.
O acordo de
2005 previa um referendo para os moradores da área decidirem se ficariam com o
norte ou o sul, mas por causa da tensão a votação ainda não ocorreu.
Antecipando-se
a uma eventual retomada da guerra civil, o Conselho de Segurança da ONU
aprovou, também em maio, o envio de uma missão de paz com 7 mil militares para
a área, a maioria da Etiópia.
A separação
também acendeu os ânimos na região de Kordofan do Sul, que está sob controle do
governo de Cartum.
Povoada por
minorias étnicas sem ligação com a população árabe do norte, a região quer se
juntar ao novo país. Confrontos na região já provocaram o deslocamento de 60
mil moradores.
Petróleo,
selos e capital
A questão do
petróleo é uma das questões mais sensíveis na divisão do Sudão.A maior
parte das reservas fica no sul, mas quase toda a infraestrutura para refino e
transporte fica no norte. Por enquanto, a receita é dividida meio a meio.Além de
discutir uma nova divisão nos lucros, o sul e o norte também têm de dividir a
dívida pública do Sudão.
A
nacionalidade dos sul-sudaneses que vivem no norte é outro problema. O governo
de Cartum já revogou a cidadania destas pessoas, que agora migram em massa para
a antiga terra natal, para se tornarem cidadãos do mais novo país do mundo.
Mas as
delicadas questões envolvendo o norte não são os únicos problemas que o Sudão
do Sul está tendo que enfrentar.
O país ainda
discute, por exemplo, quem irá estampar as notas da futura nova moeda, o design
dos selos e até qual será a capital – Juba ou uma nova cidade a ser construída,
que pode até ter o formato de animais ou frutas africanas.
O nascimento
do país também provocou mudanças na ONU, onde engenheiros discutem se incluem
mais uma cadeira no já apertado plenário da Assembléia Geral, ou se o Sudão do
Sul vai ocupar o espaço do Vaticano ou da Autoridade Palestina, que têm assento
na sala, mas não são Estados-membros.
BBC Brasil
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