AGRICULTURA SE ESPALHOU
PELA EUROPA VINDA DO SUL, AFIRMAM CIENTISTAS
Novo estudo analisou o código genético de quatro
esqueletos de europeus que viveram há 5.000 anos, durante a Idade da Pedra
A agricultura
transformou, há entre 11.000 e 5.000 anos atrás, a então sociedade
coletora-caçadora, essencialmente nômade, em uma sociedade capaz de produzir o
próprio alimento (iStockphoto/ThinkStock)
A
agricultura se espalhou pelo Norte da Europa a partir do Sul do continente
acompanhando movimentos migratórios. Essa é a conclusão de uma equipe de
pesquisadores da Suécia e da Dinamarca, que reuniram pistas sobre um dos temas
mais debatidos na história da humanidade: a transformação de grupos de
indivíduos caçadores-coletores em sociedades agrícolas. O estudo será
publicado nesta semana na revista americana Science.
CAÇADORES-COLETORES
Caçar e coletar era a principal prática de subsistência dos humanos há 11.000
anos. A maior parte da comida era obtida colhendo frutos na natureza e caçando
animais. Com o advento da agricultura, os caçadores-coletores foram
substituídos por grupos de agricultores na maior parte do mundo. Poucas
sociedades contemporâneas são classificadas como caçadoras-coletoras. Muitas
delas complementam a atividade por meio da agricultura.
A
agricultura se desenvolveu no Oriente Médio há 11.000 anos. Antes disso, o
homem era um caçador-coletor nômade, vivendo dos recursos disponíveis em
determinada região, para depois seguir para outras áreas. Há 5.000 anos, a
agricultura já havia chegado ao continente europeu. Mas a forma como a prática
se espalhou, progrediu e afetou a vida dos antigos europeus ainda é tema de
acolaradas discussões.
Um dos
pontos que os especialistas debatem é se a agricultura surgiu em diversos
pontos da Europa independentemente ou se um grupo migrante levou a técnica de
um local ao outro.
O estudo realizado pelas universidades de Estocolmo e Copenhague usou técnicas avançadas para caracterizar o DNA de quatro esqueletos de humanos que viveram na Suécia há 5.000 anos, durante a Idade da Pedra. A pesquisa analisou o que os cientistas chamam de marcadores genéticos, pequenas pistas no DNA que definem certas características nos indivíduos. Três deles eram caçadores-coletores e um era agricultor.
Göran
Burenhult/Divulgação
Um dos
esqueletos encontrados em Gotland, na Suécia, que deram pistas sobre a
semelhança genética entre agricultores da Idade da Pedra do Norte do continente
europeu e a população do Sul
Os
pesquisadores compararam os marcadores genéticos dos antepassados com dados de
indivíduos vivos. O perfil genético do fazendeiro da Idade da Pedra combina com
o de pessoas que vivem nas redondezas do Mediterrâneo, de acordo com os autores
do estudo. Já o perfil dos três caçadores-coletores lembra o de europeus do
Norte.
O estudo reforça a tese de que a revolução agrícola foi encabeçada por pessoas que migraram a partir do Sul da Europa e viveram lado-a-lado com coletores-caçadores por muitas gerações. "Hoje, ninguém tem o mesmo perfil genético dos caçadores e coletores, embora eles continuem representados na herança genética dos europeus modernos", disse Pontus Skoglund, um dos autores da pesquisa. "Se a agricultura tivesse se espalhado meramente como um processo cultural, não encontraríamos tamanha semelhança genética entre um agricultor do Norte e as populações do Sul."
O estudo reforça a tese de que a revolução agrícola foi encabeçada por pessoas que migraram a partir do Sul da Europa e viveram lado-a-lado com coletores-caçadores por muitas gerações. "Hoje, ninguém tem o mesmo perfil genético dos caçadores e coletores, embora eles continuem representados na herança genética dos europeus modernos", disse Pontus Skoglund, um dos autores da pesquisa. "Se a agricultura tivesse se espalhado meramente como um processo cultural, não encontraríamos tamanha semelhança genética entre um agricultor do Norte e as populações do Sul."
Nenhum comentário:
Postar um comentário