MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Correntes
'quentes' provocam derretimendo de gelo na Antártida
Pesquisadores calcularam o quanto
as correntes influenciam no derretimento de plataformas de gelo e o impacto
futuro na elevação dos níveis do mar
Imagem mostra a circulação das correntes oceânicas
em volta das plataformas de gelo da Antártica Ocidental. As plataformas
correspondem a parte colorida. O vermelho indica plataformas espessas (maiores
do que 550 metros) e o azul corresponde àquelas com menos de 200 metros
(NASA/Goddard CGI Lab)
Um estudo realizado por um grupo internacional de
cientistas mostrou que as correntes oceânicas quentes são a causa dominante no
recente processo de derretimento de plataformas de gelo na Antártida. O resultado
foi obtido com base em medições feitas pelo satélite ICESat, da Nasa. A
descoberta, publicada nesta quarta-feira na revista Nature, aproxima os
cientistas de projeções mais precisas sobre a elevação do nível do mar no
futuro.
Já se sabia que tanto atividades atmosféricas quanto marítimas são as principais responsáveis pelo derretimento do gelo: correntes oceânicas quentes causam derretimento embaixo das plataformas e o ar quente, originado pelo verão, provoca derretimento na parte superior das placas de gelo. O objetivo desse novo estudo era verificar quanto desse derretimento era provocado por correntes quentes do oceano.
Já se sabia que tanto atividades atmosféricas quanto marítimas são as principais responsáveis pelo derretimento do gelo: correntes oceânicas quentes causam derretimento embaixo das plataformas e o ar quente, originado pelo verão, provoca derretimento na parte superior das placas de gelo. O objetivo desse novo estudo era verificar quanto desse derretimento era provocado por correntes quentes do oceano.
PLATAFORMAS DE GELO
São placas espessas de gelo, alimentadas por glaciares, que flutuam no oceano em torno da Antártida.
Com o objetivo de estudar o tamanho da influência
que as correntes oceânicas quentes têm nesse processo, os pesquisadores usaram
modelos computacionais para separar a influência das correntes de outros
fatores que também provocam mudanças na altura das plataformas e glaciares,
como a elevação das marés e o acúmulo natural de neve que compacta o tamanho
das geleiras.
Com esses cálculos, os pesquisadores concluíram que
em 20 das 54 plataformas de gelo estudadas o derretimento é causado por
correntes quentes do oceano. A maioria delas está localizada na Antártida
Ocidental. "Nós podemos perder uma grande quantidade de gelo para o mar
sem ter havido aquecimento de verão suficiente para fazer a neve do topo dos
glaciares derreterem", disse o autor principal do estudo, Hamish
Pritchard, da British Antarctic Survey. "Todo esse movimento pode estar
acontecendo debaixo do oceano."
Para mapear a mudança da espessura de quase todas as plataformas de gelo nos arredores da Antártida, o grupo usou uma série de 4,5 milhões de medições da altura da superfície das plataformas feitas a partir de um instrumento de laser do ICESat, entre outubro de 2003 e outubro de 2008. Eles mediram o quanto a altura da plataforma de gelo foi alterada ao longo desse período.
Para mapear a mudança da espessura de quase todas as plataformas de gelo nos arredores da Antártida, o grupo usou uma série de 4,5 milhões de medições da altura da superfície das plataformas feitas a partir de um instrumento de laser do ICESat, entre outubro de 2003 e outubro de 2008. Eles mediram o quanto a altura da plataforma de gelo foi alterada ao longo desse período.
"Este estudo demonstra a importância de fazer
cálculos de altura usando lasers posicionados no espaço para entender os
processos da Terra", diz Tom Wagner, cientista da Nasa. "Se juntarmos
dados de outras pesquisas da Nasa nós vamos ter uma visão mais compreensiva
sobre como as mudanças sofridas por essas plataformas provocam o aumento do
nível do oceano."
ICESat-2 — O ICESat foi o primeiro satélite desenhado especialmente para medir a altura das regiões polares da Terra com o uso de laser. Ele esteve em operação entre 2003 e 2009 e seu sucessor, o ICESat-2, tem lançamento previsto para 2016.
"Esse estudo demonstra a necessidade urgente do ICESat-2 ir pro espaço", diz Jay Zwally, cientista do projeto ICESat. "Nós temos informações limitadas sobre as alterações sofridas pelas regiões polares causadas pela mudança climática. Nenhum instrumento pode fazer mensurações tão objetivas como esse satélite."
Para medir o derretimento na base de plataformas e glaciares, a análise também levou em conta a influência das mudanças do vento.
ICESat-2 — O ICESat foi o primeiro satélite desenhado especialmente para medir a altura das regiões polares da Terra com o uso de laser. Ele esteve em operação entre 2003 e 2009 e seu sucessor, o ICESat-2, tem lançamento previsto para 2016.
"Esse estudo demonstra a necessidade urgente do ICESat-2 ir pro espaço", diz Jay Zwally, cientista do projeto ICESat. "Nós temos informações limitadas sobre as alterações sofridas pelas regiões polares causadas pela mudança climática. Nenhum instrumento pode fazer mensurações tão objetivas como esse satélite."
Para medir o derretimento na base de plataformas e glaciares, a análise também levou em conta a influência das mudanças do vento.
"Os estudos mostraram que os ventos da
Antártida foram alterados devido às mudanças climáticas", diz Pritchard.
"Isso afetou o comprimento e a direção das correntes oceânicas. Como
consequência, a água quente fica afunilada debaixo do gelo flutuante. Esses
resultados sugerem que os glaciares da Antártica estão respondendo rapidamente
à mudança climática."