Theodore
Roosevelt, Cândido Rondon, o naturalista norte-americano George Cherrie, Kermit
Roosevelt e demais membros da expedição científica que explorou o Rio da Dúvida
posam para a foto histórica em 1914 ao concluir o penoso e exaustivo trabalho.
A HISTÓRIA
O Rio Roosevelt, antes denominado
Rio da Dúvida por Rondon, é o único rio brasileiro que leva o nome de um
ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, um dos presidentes mais
populares que o país já teve. O nome se deu em homenagem ao ilustre convidado
pelo governo brasileiro que, junto com Rondon, empreendeu o trabalho de
exploração e mapeamento do rio desconhecido entre 1913 e 1914. A Expedição
Científica Roosevelt-Rondon teve parte de seu financiamento patrocinado pelo
Museu de História Natural Americano. As notícias sobre a expedição ocuparam as
manchetes da imprensa internacional e projetou o nome de Rondon como
naturalista brasileiro no mundo inteiro. Durante a expedição foram coletadas
várias
novas espécies de animais e insetos que fazem parte do acervo do museu em Washington e Nova York. A Expedição
Científica Roosevelt-Rondon também foi registrada em milhares de fotografias,
mapas e em dois filmes que fazem parte do acervo cinematográfico da Biblioteca do
Congresso dos Estados Unidos.
A jornalista norte-americana Candice Millard (2010),
redatora e editora da revista National
Geographic em seu livro publicado no Brasil pela editora Companhia das
Letras sob o título O Rio da Dúvida – A sombria viagem de Theodore Roosevelt e
Rondon pela Amazônia fez uma abordagem histórica sobre o evento num relato
excepcional dessa aventura singular pelas selvas brasileiras.
O
PROJETO
O
Rio Roosevelt é um formador da Bacia Amazônica tem sua nascente no município de
Vilhena e seu estudo faz parte do Projeto de Educação Ambiental Água, Escola e
Ambiente da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Zilda da Frota Uchôa.
A Coordenação de Projetos de Educação Ambiental da referida escola - dando
prosseguimento aos trabalhos de mapeamento das nascentes dos rios localizados
no município de Vilhena incluídos no Projeto Água, Escola e Ambiente - realizou,
nos dias 10, 12 e 16 de julho de 2012, três expedições para reconhecimento do
local da nascente do Rio Roosevelt. Alunos da unidade escolar e professores envolvidos
no referido projeto só participam das expedições científicas às nascentes dos
rios propostos depois do reconhecimento antecipado do local e do acesso ao curso
d’água que seja objeto de pesquisa. Para isso, a escola conta com uma equipe
especializada que faz o reconhecimento do local a ser estudado e viabiliza
junto às instituições que apóiam o empreendimento as condições necessárias para
o sucesso da expedição. São parceiros do projeto Prefeitura Municipal de
Vilhena, 3º Grupamento de Bombeiros IBAMA e ONG/Millennium.
O
OBJETIVO
O estudo do Rio Roosevelt - tendo
como base a Expedição Científica à sua nascente - oferece aos alunos a
oportunidade de interagir com o espaço estudado em sala de aula permitindo a
confirmação ou não das hipóteses levantadas durante as aulas teóricas. A coleta
de dados na atividade de campo fortalece o vínculo entre estudo e pesquisa
oportunizando o trabalho em equipe e a auto-estima. O rio pesquisado nessa
oportunidade tem como pano de fundo a história de um empreendimento científico
sócio-econômico e político que envolveu o governo brasileiro e o
norte-americano. As questões transculturais entre duas equipes de participantes
estiveram em choque ao longo de 60 dias - período do mapeamento e pesquisa do
curso d’água até então desconhecido pelos naturalistas e geógrafos brasileiros.
EM
BUSCA DA NASCENTE
A
primeira expedição visando à localização da nascente do Rio Roosevelt foi
realizada no dia 10 de julho de 2012, terça-feira. A equipe formada pelos
professores Claudionor Ferreira de Moraes,
Sinézio Bispo dos Santos, Ana Nere Paula Assis, Carlos Antonio Táglia,
funcionário da SEDAM e o motorista do IDARON Fábio Rodrigues Franco, apesar de
várias tentativas por diversos caminhos, não obteve êxito na busca pelo local
da nascente.
A segunda expedição foi realizada em 12 de
julho de 2012, quinta-feira.
Uma
nova equipe formada pelos professores Claudionor Ferreira de Moraes, Sinézio
Bispo dos Santos, Ana Nere Paula Assis, Neura A. de Oliveira e o professor
convidado, Cícero Dimas da Silva Cunha, representando a ONG/Millennium, com
base nas informações fornecidas pela SEDAM e munida de equipamento de GPS partiu
em direção ao local da nascente. A equipe seguiu de carro pela BR-174 e à
altura do Secador entrou à esquerda continuando por uma estrada vicinal até
chegar num trecho da estrada onde - segundo informações repassadas à equipe - havia
uma ponte e o suposto local da nascente. Chegando ao ponto indicado a equipe de
professores constatou que não havia ponte e não encontrou nenhum sinal de água
que pudesse identificar um afloramento de algum lençol subterrâneo. No local só
havia areia depositada pelas enxurradas do mais recente período chuvoso.
Com
essa constatação a equipe decidiu entrar na mata através de uma trilha já aberta
por madeireiros para encontrar o caminho que possibilitasse encontrar a
nascente do rio. Foi uma caminhada de mais de três horas. Ao longo do caminho a
equipe encontrou macacos que saltavam nas copas das árvores com seus gritos
característicos assustados com os intrusos. Muitos pássaros cantaram alertando
os habitantes da floresta que estavam recebendo visitas. O que mais se destacou
entre os demais foi o pássaro seringueiro com seu canto forte e agudo.
A equipe caminhou a passos rápidos mata
adentro ansiosa para encontrar o local da nascente. Nenhuma pista. Nenhum
sinal. Nada.
Mais
adiante, depois de um longo tempo de caminhada, a equipe desceu por dentro da
mata fechada e encontrou um vale raso, cerca de uns cem metros à esquerda da
trilha. Nem sinal de água. Fazendo uma última tentativa indo por fora da mata,
seguindo pela estrada, a equipe encontrou a cerca de três quilômetros abaixo do
local do primeiro acesso (trilha) ,dentro da reserva indígena, um trecho do Rio
Roosevelt com certo volume de água.
A
LOCALIZAÇÃO
No
dia 16 de julho de 2012, segunda–feira, a equipe voltou ao local, e, com as orientações
fornecidas pelo administrador da Fazenda Independência conseguiu finalmente
descobrir a nascente e fazer a localização por GPS determinando as coordenadas
geográficas. A nascente do Rio Roosevelt fica dentro da propriedade no local
onde ainda existe parte da mata preservada.
Antes
da localização da nascente, o momento mais difícil foi o encontro inesperado
dos membros da expedição com um bando de porcos selvagens que, alertados pelo
barulho da equipe, saiu em debandada por dentro da mata fazendo um tremendo
barulho deixando todos preocupados com o que poderia acontecer. Os porcos
selvagens são agressivos e seu ataque é fatal. A equipe de professores
verificou que habitat dos porcos selvagens é o entorno da nascente onde há água
e comida em abundância. Os porcos cavam poças para se refrescarem em todo vale
e constroem abrigos por baixo dos troncos das árvores caídas.
A
OBSERVAÇÃO
Um fato curioso é que a nascente do Rio
Roosevelt não poderia ser encontrada nem pelas informações fornecidas pela
SEDAM, nem pelo mapa do IBGE. Ao longo do tempo, com a constante retirada da
vegetação nativa, está havendo um deslocamento do local da nascente à jusante
do rio à proporção que o manancial subterrâneo deixa de obter recarga durante o
período das águas.
A floresta nativa é extremamente importante
para a manutenção do lençol freático. O intrincado sistema radicular da mata funciona
como um eficiente mecanismo de retenção das águas pluviais que se acumulam no
subsolo, sendo o principal responsável pelo reposição volume de água que
abastece as nascentes dos rios. Outra função importante desse sistema é não
permitir o carreamento de minerais e matéria orgânica pelos cursos d'água,
razão pela qual são cristalinos os ribeirões pelos quais escoa a água
excedente.
O
MÉRITO
Um
fato que merece registro: a equipe de professores envolvida com o Projeto Água,
Escola e Ambiente da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Zilda da
Frota Uchôa dedicada a proporcionar aos educandos da referida unidade escolar melhores
condições de ensino-aprendizagem empreendeu esforços nos seus dias de folga
para que os alunos pudessem realizar a pesquisa de campo, contribuindo de modo
efetivo com sua formação educacional.
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