Índios da Aldeia Mamaindê-Cabixi da etnia Nambiquara, Mato Grosso-MT .Foto Dimas Cunha/2012 |
Nambiquara
Anna Maria Ribeiro Fernandes Moreira da Costa
Etnia que
vive atualmente em parte do oeste de Mato Grosso e sul de Rondônia, na faixa de
terras compreendida entre as cabeceiras dos rios Juruena e Guaporé. Esse
território é circundado ao norte pelos Rikbaktsa, Enauenê-Nauê (Salumã), Menkü
e outros; ao sul e a leste pelos índios Haliti (Paresi); e a oeste pelos Aikanã
e Cinta-Larga, em Rondônia. A etnia Nambiquara é constituída de vários grupos
que ocupam espaços ecologicamente distintos, como a Serra do Norte, o Vale do
Guaporé e a Chapada dos Parecis, cada qual com hábitos culturais diferenciados.
A
denominação dos grupos pode estar relacionada à sua região de ocupação
tradicional, ao nome de chefe do grupo ou a uma atividade em que o grupo se
sobressai em relação aos demais. A família lingüística Nambiquara é
independente, sem ligação com quaisquer outras da América do Sul e constitui-se
de três línguas faladas: a Nambiquara do Sul (dos grupos do Vale do Guaporé e
Chapada dos Parecis), a Sabanê e a Nambiquara do Norte (dos grupos Nambiquara
da Serra do Norte). Apesar da diversidade dialetal presente na língua, todos os
grupos que constituem a etnia Nambiquara constituem uma unidade maior e até
homogênea, apesar das diferenças regionais. As primeiras referências sobre esse
povo, hoje conhecido por Nambiquara, datam do século XVIII, quando as bandeiras
paulistas atingiram o oeste mato-grossense.
Os grupos da Serra do Norte e da Chapada dos
Parecis, no início do século XX entraram em contato com os integrantes da
Comissão Rondon que objetivou a ligação do Estado de Mato Grosso ao Amazonas
através da Linha Telegráfica que cruzou os divisores das águas das bacias
Platina e Amazônica, Juruena e Guaporé. Entre os anos de 1907 e 1915, a
Comissão Rondon instalou em território Nambiquara várias estações telegráficas:
as de Pontes e Lacerda, Nambikwára, Utiariti, Juruena (Major Amarante) e
Pyreneus de Souza, em Mato Grosso; e, em Rondônia, as de Vilhena e José
Bonifácio. Alguns grupos Nambiquara, principalmente os da Serra do Norte, receberam
assistência do Serviço de Proteção ao Índio, que procurou discipliná-los para
os trabalhos agro-pastoris, desconhecendo e desconsiderando por completo sua
organização social. Diversas instituições religiosas católicas e protestantes
tiveram contato com os grupos Nambiquara, a fim de catequizá-los.
Mesmo que
algumas delas tenham permanecido durante décadas em terras Nambiquara, suas
intenções missionárias foram infrutíferas. No início do século XX, segundo
estimativas de Cândido Mariano da Silva Rondon, a população Nambiquara era
composta de 20.000. As doenças infecto-contagiosas, principalmente o sarampo e
a tuberculose, e o contato desenfreado com os agentes de contato contribuíram
drasticamente para a redução da população. Somente do final da década de 1960 é que a
Fundação Nacional do Índio inicia o processo demarcatório das terras
Nambiquara. Processo esse até hoje não definido. Do imenso território
tradicional com áreas contíguas que outrora abrigava todos os grupos
Nambiquara, alguns deles hoje extintos, o pouco que resta está agora dividido
em nove áreas, algumas não contíguas: Terra Indígena Nambikuara, Vale do
Guaporé, Pyreneus de Souza, Lagoa dos Brincos, Taihãtesu, Pequizal, Sararé,
Tirecatinga, Tubarão-Latundê.
http://www.matogrossoeseusmunicipios.com.br/NG/
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