terça-feira, 5 de abril de 2011

LEMBRANÇAS DO MEU TEMPO




                       Alameda da entrada principal do Colégio XV de Novembro - Garanhuns-PE

Essas árvores são testemunhas silenciosas do tempo em que o Colégio Quinze de Novembro ficava com suas portas abertas para a população. Menino pobre e sem pertencer a alguma família de nome proeminente na cidade arriscava-me a freqüentar o ambiente do colégio nas horas vagas.
Nessa época morávamos na travessa Silvino Macedo, por trás do Colégio Estadual. Passar uma manhã ou uma tarde no ambiente do Colégio Quinze era uma aventura. Jogos de futebol de salão, basquete, vôlei e outros esportes, campeonatos, intercâmbios com times da capital faziam parte de sua dinâmica de atuação esportiva. Melhor ainda quando a Marinha Brasileira com seus atletas participavam de jogos com os atletas do Quinze uma vez por ano.
Estilingue (na época o nome era: peteca) pendurado no pescoço, vestido com calças curtas acima dos joelhos, descalço e despenteado (a molecada até certa idade não dá o mínimo para aparência) lá estava eu querendo ver tudo e saber de tudo que estava acontecendo. Usei calças curtas tanto tempo que ganhei o apelido de “escoteiro” . Falava com minha mãe para mandar fazer calças compridas para mim e ela não me dava ouvidos. O problema é que seria necessário o dobro do tecido para tal intento. A grana era curta.
Haja gracejos da molecada: escoteiro! Que sufoco.
Depois de ir de um lugar para outro querendo ver tudo ao mesmo tempo, cansado, nem sobrava tempo para a caçada de calangros, lagartixas e passarinhos do sítio do colégio. O passeio só estaria completo se colhesse alguma fruta para repor as energias:um caju, uma goiaba, uma manga...
Em relação aos outros colégios da cidade, o Quinze - como era conhecido por todos - tinha uma postura amena quanto ao acesso de meninos pobres em seu ambiente. Nesse tempo andar bem vestido e com calçado nos pés não era para todos.
Lembro que minha mãe só podia comprar roupas novas no final de cada ano. Eram as roupas para o Natal e o Ano Novo. Durante a semana eram usadas as roupas velhas, às vezes remendadas. Via de regra, nada nos pés. A maior parte do tempo ficávamos descalços. Os sapatos novos comprados no final de cada ano – quando era possível comprar – só deviam ser usados aos domingos para passear no Pau Pombo, ir à matinê no cinema e ir à missa no final da tarde.
Por conta de andar sempre descalço meus pés apresentavam um aspecto horrível: sujos e machucados. Muitas vezes levava “topadas” que arrancavam pedaços dos dedos dos pés.As unhas sofriam machucados.Era uma “via dolorosa” quase todos os dias.Espinhos,  pregos,cacos de vidro e outros são os “vilões” dos pés desprotegidos.
Com os pés machucados, como calçar os sapatos no final de semana?
Os pés, tão desacostumados com os sapatos, sofriam também com os calos que surgiam após as caminhadas domingueiras.
Que sacrifício.















2 comentários:

  1. É\meu cumpadre, nossa vida não foi nada fácil, mas com a graça de Deus sobrevivemos e temos muitas histórias bonitas para contar. Bo nita crônica. Pena que a foto não aparece...

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  2. Paciência, Mano.Vou corrigir o defeito he,he,he

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