Cuba: dissidência denuncia recorde de 796 prisões políticas
Número, que se refere somente a dezembro passado, seria o maior em 30 anos
"Não temos outra alternativa a aplicar estas medidas para
resolver os problemas que afetam a economia”, disse Raúl Castro
(Javier Galeano/AFP)
A Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN)
denunciou nesta terça-feira que foram realizadas 796 detenções
temporárias por motivos políticos na ilha, número com o qual o regime
castrista "quebrou todos os seus recordes dos últimos 30 anos". Em um
relatório divulgado nesta terça-feira - que se refere somente a dezembro
passado -, a CCDHRN destaca que o governo continua criminalizando, em
seu anacrônico Código Penal, o livre exercício de todos os direitos
civis, políticos, econômicos e culturais.
Em declarações à agência de notícias EFE, o porta-voz da comissão,
Elizardo Sánchez, atribuiu à "propensão repressiva" do regime cubano o
alto número de detenções em um mês que esteve marcado pelo dia dos
direitos humanos e a chegada de uma pequena frota de exilados de Miami
às águas internacionais em frente à costa de Cuba, de onde lançaram
fogos de artifício em apoio à dissidência interna.
A maior parte das detenções de dezembro foi de "curta duração" e
algumas "duraram vários dias", segundo a CCDHRN, que aponta em seu
relatório inúmeras ocorrências de violência policial. Com os casos de
dezembro, o número de detenções temporárias por motivos políticos
registrado pela CCDHRN ao longo de 2011 foi de 4.123, frente aos 2.074
do ano anterior.
Casos - Elizardo Sánchez comentou que o ritmo de
prisões de dissidentes em janeiro está sendo semelhante e calcula que já
ocorreram entre 20 e 30 nos primeiros dias deste mês. Entre esses casos
figura Guillermo Fariñas, que está detido desde segunda-feira na cidade
de Santa Clara junto a um grupo de opositores, segundo confirmaram
Sánchez e a mãe do dissidente, Alicia Hernández.
A CCDHRN também menciona o indulto que o governo de Raúl Castro
outorgou a quase 2.991 presos cubanos, entre eles sete prisioneiros
políticos, o que representa apenas 4% do total da população carcerária
estimada na ilha, assim como a libertação adicional de 86 estrangeiros. O
documento destaca que, no mesmo dia em que o indulto foi efetivado o
regime levou para prisões de alta segurança sem acusações formais e sob
condições desumanas três dissidentes pacifistas. O governo de Cuba
considera os dissidentes "contrarrevolucionários" e "mercenários" a
serviço dos Estados Unidos.
(Com agência EFE)
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