sábado, 4 de outubro de 2014

O VÍRUS DA AIDS

HIV

Aids surgiu no Congo da década de 1920, revela história genética

Pesquisa sugere que fatores como a urbanização rápida e a construção de ferrovias favoreceram a expansão da doença.
 Vírus HIV, causador da Aids (Thinkstock/VEJA)

A aids surgiu em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, nos anos 1920, antes de se espalhar pelo mundo, concluíram investigadores que reconstituíram o caminho do vírus responsável pela morte de 36 milhões de pessoas. Os virólogos já sabiam que o HIV foi transmitido de macacos para o homem, mas agora as análises de pesquisadores das universidades de Oxford, na Inglaterra, e de Lovaina, na Bélgica, sugerem que entre os anos 1920 e 1950 uma série de fatores — como a urbanização rápida, a construção de ferrovias na República Democrática do Congo (então Congo belga) e mudanças no negócio do sexo — favoreceu a propagação da aids a partir de Kinshasa.
"Nossa investigação sugere que (...) houve um pequeno momento na época do Congo belga que permitiu a esta cepa do HIV em particular emergir e se propagar", diz o professor Oliver Pybus, do departamento de Zoologia de Oxford e um dos principais autores do estudo. "As informações dos arquivos coloniais indicam que no final dos anos 1940 mais de 1 milhão de pessoas passaram anualmente por Kinshasa via ferrovia", destaca Nuno Faria, da Universidade de Oxford, coautor da pesquisa. "Os dados genéticos nos dizem também que o HIV se propagou muito rapidamente através do Congo, de uma superfície equivalente à Europa Ocidental, deslocando-se com as pessoas pelas ferrovias e hidrovias."
Assim, o HIV chegou a Mbuji-Mayi e Lubumbashi, no extremo sul do país, e a Kisangani, no norte, entre o fim da década de 1930 e início dos anos 1950. Essas migrações permitiram ao vírus estabelecer os primeiros focos secundários de infecção em regiões que dispunham de boa rede de comunicação com países do sul e do leste da África, afirmam os pesquisadores. "Acreditamos que mudanças na sociedade se deram no momento da independência do Congo, em 1960, e, provavelmente, o vírus pôde escapar em pequenos grupos de pessoas soropositivas para infectar populações mais amplas, antes de se propagar pelo mundo" no fim da década de 1970, revela Faria. Além do desenvolvimento dos transportes, algumas mudanças sociais, especialmente envolvendo os profissionais do sexo, que tinham um grande número de clientes, e um maior acesso a seringas, compartilhadas por usuários de drogas, fizeram expandir a epidemia.
(Com Agência France-Presse)


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

VIA LÁCTEA

Astronomia


Novo catálogo da Via Láctea mostra detalhes de 219 milhões de estrelas


Catálogos como esses, com as características de estrelas e planetas, são as bases para os novos modelos da nossa galáxia desenvolvidos pelos cientistas

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Cientistas da Universidade de Hertfordshire, na Grã-Bretanha, criaram um mapa detalhado da parte norte da Via Láctea (Nasa/VEJA)

Um novo catálogo, que mostra a parte visível da Via Láctea, detalha a estrutura de 219 milhões de estrelas que compõe a nossa galáxia. O trabalho, publicado na segunda-feira no site do periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, é fruto de dez anos de análises usando o Telescópio Isaac Newton (INT), no observatório La Palma, nas Ilhas Canárias.

Os cientistas mapearam a parte norte da Via Láctea, mostrando a variação da densidade de estrelas, aglomerações de gás e poeira cósmica que a compõe. O telescópio usado pelos astrônomos, que possui um espelho de 2,5 metros, possibilitou identificar estrelas que jamais poderíamos enxergar a olho nu — para conseguirmos vê-las, elas teriam que brilhar 1 milhão de vezes mais fortemente. Com ele, os cientistas conseguiram detalhar informações como a luminosidade dos sistemas estelares.



A imagem mostra a região que parece um disco e que contém a maior parte das estrelas da galáxia, incluindo o Sol. Esse é a segunda leva de dados divulgada pelo programa astronômico liderado pela Universidade de Hertfordshire, na Grã-Bretanha, com as informações do telescópio Isaac Newton. Catálogos como esses, com dados precisos de estrelas e planetas da Via Láctea — ela é composta de cerca de 300 bilhões de estrelas e o mesmo número de planetas, de acordo com estimativas dos cientistas — são as bases para os novos modelos de nossa galáxia, que estão sendo construídos pelos cientistas, revelando uma nova visão sobre o Universo. 

CONHEÇA A PESQUISA
Onde foi divulgada: periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
Quem fez: Geert Barentsen, H. J. Farnhill, J. E. Drew, E. A. González-Solares, R. Greimel, M. J. Irwin, B. Miszalski, C. Ruhland e outros
Instituição: Universidade de Hertfordshire e Universidade Cambridge, na Grã-Bretanha, Instituto de Astrofísica de Canárias, na Espanha, e outras.
Resultado: Os pesquisadores fizeram um novo catálogo, que mostra a parte visível da Via
Láctea, detalhando a estrutura de 219 milhões de estrelas.
 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA

Meio ambiente

Desmatamento cresce 9,8% em um ano na Amazônia

Área desmatada entre agosto de 2013 e julho de 2014 equivale a duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo

 Desmatamento na Amazônia: Pará, Mato Grosso e Rondônia foram os Estados que mais desmataram (Divulgação/VEJA) 

Amazônia Legal perdeu 3.036 km2 de floresta entre agosto de 2013 e julho de 2014, conforme dados divulgados na segunda-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O desmatamento foi 9,8% maior que o registrado em igual período anterior. A área equivale a duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo, e seu desmatamento está relacionado principalmente às atividades agrícolas.Os dados do Inpe consideram tanto o desmatamento parcial, em que apenas parte da floresta permanece em pé, geralmente relacionado com a atividade madeireira, quando o corte raso, com a supressão total da mata para implantação de lavoura e pecuária. A Amazônia Legal inclui todos os Estados da Região Norte, além de parte do Mato Grosso e do Maranhão. 

Os números se baseiam no rastreamento feito pelo Deter, serviço de detecção de desmatamento realizado em tempo real pelo Inpe, com base em imagens de satélites de alta frequência. O Deter identifica áreas degradadas com mais de 25 hectares. Devido à ocorrência de nuvens, nem todo área desmatada é rastreada por satélite.

Os Estados que mais desmataram foram o Pará, com 532 km2, seguido pelo Mato Grosso, com 268 km2 e Rondônia, com 263 km2. O Estado de Amazonas aparece em quarto lugar com 167 km2. Queimadas e atividades agropecuárias estão entre as principais causas da degradação. No caso do Amazonas, os desmatamentos ocorreram no extremo sul do Estado, nova fronteira agrícola do país.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), operações realizadas na região resultaram na prisão de uma grande quadrilha de desmatadores no sul do Pará. A expectativa é de que os números caiam nos próximos meses.
(Com Estadão Conteúdo)

 

terça-feira, 22 de abril de 2014

MEIO AMBIENTE


GRUPO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL VILHENA SUSTENTÁVEL
http:/vilhenasustentável.wix.com/ipeamarelo
facebook.com/vilhenasustentavel

por Dimas Cunha

Macrodrenagem

Em atividade de campo realizada em 21 de abril de 2014 uma equipe do Grupo de Educação Ambiental Vilhena Sustentável visitou as obras do Sistema de Macrodrenagem Galerias de Águas Pluviais e Canais de Drenagem Urbana realizadas pela Prefeitura Municipal de Vilhena em parceria com o Ministério das Cidades com recursos da Caixa Econômica Federal  no município. Foi inspecionada pela equipe as obras já concluídas do canal de escoamento das águas pluviais e esgotos e a Lagoa de Decantação, cujo despejo será realizado na área das nascentes do Rio Barão de Melgaço (Rio Comemoração, na denominação do IBGE). Vale observar que a maioria dos rios que nascem na Chapada dos Parecis, em Vilhena, possuem dois nomes. Um nome comum conhecido por seus habitantes e o nome oficial que consta nos mapas do IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Loteamento

Em seguida, a equipe se dirigiu para antigo Zoológico Municipal Marciano Zonoecê, hoje desativado, e à casa de Rondon, local do antigo posto telegráfico. Prosseguindo na inspeção, a equipe se deslocou até o local onde foi implantado o Loteamento Solar de Vilhena no final da Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, próximo ao Parque de Exposições. No local foi verificado que as obras de esgoto do loteamento estão sendo realizadas na área das nascentes do Rio Barão de Melgaço (Rio Comemoração). Embora a propaganda do loteamento informe que o esgoto será tratado antes de ser lançado no sistema de esgotos, não foi observada nenhuma obra de construção de unidade destinada ao tratamento de efluentes domésticos. A rede de drenagem do loteamento termina adentrando na mata onde serão despejados os esgotos - o que pode vir a comprometer a qualidade da água das nascentes do rio além do processo de erosão do solo.

Parque Municipal 

Um outro ponto visitado na mesma data pela equipe de professores e técnicos foi o local onde está sendo implantado pela Prefeitura Municipal de Vilhena, através da Secretaria de Turismo Indústria e Comércio, o Parque Público Municipal, próximo à BR-364, às margens do Rio Barão de Melgaço. No local, as obras estão em andamento.  O serviço de terraplanagem já foi realizado e a colocação de grama além da trilha destinada para caminhadas. Foi verificado pela equipe que a alteração do espaço ocorrida na margem direita do rio para implantação do parque provocou um acelerado processo de erosão com o desmoronamento de ribanceiras de uma das margens do rio. No entorno das obras do Parque Público Municipal é possível perceber um processo de degradação ambiental em andamento.
 

 Canal de drenagem. Imagem/Dimas Cunha


 Lagoa de decantação. Imagem/Dimas Cunha

 Local próximo às nascentes do Rio Barão de Melgaço onde são despejados, pelo sistema de drenagem, os efluentes e as águas pluviais da drenagem urbana. Imagem/Dimas Cunha.
Casa de Rondon.Local do antigo Posto Telegráfico do início do século XX.
Imagem/Dimas Cunha

Jatobá, próximo da Casa de Rondon.Um remanescente  do Cerrado em Vilhena.
Imagem/Dimas Cunha

 Obras de drenagem do Loteamento Solar de Vilhena.Imagem/Dimas Cunha









Erosão provocada pelo escoamento superficial na margem direita do Rio Barão de Melgaço ao lado do Parque Público Municipal.Imagens/Dimas Cunha





quinta-feira, 3 de abril de 2014

MAIOR EXTINÇÃO EM MASSA

Meio ambiente

Micróbios causaram maior extinção em massa da Terra, diz estudo

Cientistas do MIT levantam uma nova hipótese para a causa da terceira grande extinção, que ocorreu há cerca de 251 milhões de anos

 Methanosarcina: micro-organismo produtor de metano pode ser a causa da grande extinção (Getty Images)

Desde seu surgimento, a Terra passou por cinco períodos de extinção em massa das espécies, sendo o mais famoso o último, que causou o desaparecimento dos dinossauros não voadores, há 65 milhões de anos. A mais catastrófica de todas elas, porém, foi a terceira, que ocorreu há cerca de 252 milhões de anos e varreu quase 90% das espécies do planeta.As causas desse fenômeno até hoje não foram esclarecidas. Eventos como vulcanismo, aumento da temperatura e falta de oxigênio têm sido apontados pelos pesquisadores, mas um novo estudo concluiu que os reais responsáveis são seres vivos.Realizado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), o trabalho indica que um tipo de micróbio produtor de metano, denominado Methanosarcina, foi o causador da extinção em massa. Esse organismo se desenvolveu de forma repentina e se alastrou pelos oceanos, despejando quantidades elevadas de metano na atmosfera, o que modificou o clima e a química das águas — e levou à extinção das espécies.

Evidências mostram um aumento intenso na quantidade de dióxido de carbono nos oceanos na época da extinção. Uma análise genética sugere que o Methanosarcina passou por uma mudança no mesmo período, que o transformou em um grande produtor de metano, a partir da acumulação de dióxido de carbono na água. Sedimentos da época revelam ainda um aumento no depósito de níquel — metal necessário para o crescimento do micro-organismo — que ocorreu simultaneamente.
Crescimento exponencialAlguns pesquisadores sugeriram que o aumento na quantidade de gases contendo carbono, como dióxido de carbono ou metano, na época da extinção pode ter sido causado por atividade vulcânica, mas os autores do novo estudo calculam que as erupções não seriam suficientes para produzir todo o carbono observado nos sedimentos. Além disso, os cientistas afirmam que as mudanças na quantidade de carbono ao longo do tempo não se encaixam em um modelo vulcânico.
"Uma injeção inicial rápida de dióxido de carbono liberada por um vulcão seria seguida por uma diminuição gradual. Em vez disso, nós observamos o oposto: um aumento rápido e contínuo", explica Gregory Fournier, pesquisador do MIT e um dos autores do estudo. "Isso indica uma expansão de micróbios." Segundo o autor, o crescimento de populações de micro-organismos está entre os poucos fatores capazes de aumentar a produção de carbono de forma exponencial — ou até mais rápida.
A análise genética mostrou ainda que o Methanosarcina adquiriu sua habilidade de produzir metano através de uma transferência de genes com outro micróbio. Nas condições adequadas, essa aquisição genética permitiu que o micro-organismo passasse por um crescimento intenso, consumindo rapidamente a reserva orgânica de carbono nos sedimentos oceânicos.
Segundo os autores, a produção exagerada de metano resultante de todos esses fatores provocou efeitos similares àqueles previstos em modelos de mudanças climáticas: um grande aumento de temperatura, combinado com a acidificação dos oceanos, que afetou também as espécies marinhas.