quarta-feira, 16 de maio de 2012

O NOVO PARADIGMA DE ILUSÃO DA GLOBO

NEOMALTHUSIANISMO: O NOVO BICHO-PAPÃO DO FANTÁSTICO 

Desmistificada a campanha do aquecimento global, o programa Fantástico, da Rede Globo, entra com novo quadro para seguir atemorizando a população, agora com ideias neomalthusianas. 

Não constitui nenhum segredo o esforço magistral com que a Rede Globo tentou emplacar a tese do aquecimento global, em notória e estrita fidelidade aos projetos de governança mundial, a cumprir com leal disciplina o seu papel de doutrinadora de massas.

A começar pela divulgação do famoso vídeo de Al Gore, passando por inúmeros programas exibidos em vários horários para difundir a trágica ameaça aquecimentista, pela mobilização de ONG's de idoneidade discutível, pela apresentação de inserções e vinhetas entre outros programas e culminando especialmente por quadros especiais inaugurados no horário nobre dominical – quem se lembra daqueles programas de gigantescos cubos de carbono? - não há a mais remota chance de esta emissora alegar inocência. 

Muito pelo contrário, mesmo diante de respeitáveis opiniões divergentes e de todas as mais relevantes evidências, e ainda, mesmo diante da histórica invasão de hackers que trouxeram ao conhecimento do público vários e-mails da Unidade de Pesquisas Climáticas da Universidade de East Anglia, que faziam parte da comunicação entre influentes cientistas pró-aquecimento global, na qual mostravam claramente a manipulação de dados, a Rede Globo  - sempre faço questão de frisar: a despeito de seus pomposamente anunciados “princípios editoriais” - em todas as oportunidades replicou com novas reportagens pretendentes a desmentir os ocorridos e desacreditar os cientistas que já a altura eram pejorativamente alcunhados pelos “aquecimentistas” como “negacionistas”. 

Pois, chegado a termo o embuste, selado com chave de ouro pelas últimas declarações do Dr Ricardo Augusto Felício, professor de climatologia da USP, junto à imprensa, em ratificação a anteriores advertências do respeitável Dr. Luís Carlos Molion, nada mais resta da história a não ser identificarmos e gravarmos bem os protagonistas disto que se tornou um verdadeiro crime de estelionato em dimensões mundiais, no mínimo, para vacinarmo-nos contra novas investidas mal-intencionadas.

Ora, dignos leitores, mantenham-se vigilantes, pois novas empulhações já estão sendo anunciadas: refiro-me ao programa do Fantástico intitulado " PLANETA TERRA: LOTAÇÃO ESGOTADA", a vir ao ar no próximo domingo, dia 20 de maio de 2012, no qual a gigante da TV brasileira visa alimentar nos seus telespectadores o medo da superpopulação do planeta, a partir do requentamento das rechaçadas, rechaçadas e rechaçadas teorias malthusianas e darwinistas, segundo as quais a produção de alimentos não há de acompanhar o crescimento populacional, e que os recursos estão em estado de exaurimento. 
Vale a pena reproduzir aqui a síntese, tal como redigida pelos seus responsáveis, seguida dos meus comentários:

Somos 7 bilhões de pessoas. Chegamos ao limite do nosso planeta? Afinal, quantas pessoas a Terra pode suportar? A partir do próximo domingo (20), você vai acompanhar uma investigação que rodou o mundo. Nossos repórteres viajaram pelos cinco países mais populosos da Terra. Eles foram até a África mostrar o continente que mais cresce no mundo e impacto do aumento populacional. 

Meu comentário: Só sete bilhões? Por favor, acordem-me quando chegarmos aos setenta! Isto aí não dá nem para encher o estado de São Paulo, mesmo que cada um dos cidadãos morasse em uma mansão. Bom, mas tomando por certo que a África seja o continente de maior crescimento vegetativo, quem disse que ela é o melhor modelo de solução dos problemas da fome, das doenças e da preservação ambiental? 
Como podemos alimentar, vestir, fornecer água, energia e moradia para tanta gente? Soluções tecnológicas para gerar energia e produzir mais comida. É possível tirar bilhões de pessoas da miséria sem condenar o ambiente? A luta contra as forças de um planeta maltratado. E os esforços para preservar espécies em extinção. Você vai ver a partir de domingo que vem em uma nova série no Fantástico, “Planeta Terra: Lotação Esgotada”.
 A jornalista Sonia Bridi visita os países mais populosos do mundo - China, Índia, Indonésia, Estados Unidos, além do Brasil - e viaja pela África, o continente que mais cresce, para mostrar o que precisa mudar e também algumas soluções sustentáveis que já foram encontradas para preservar espécies em extinção e gerar energia ou mais comida, sem maltratar a natureza. 

Meu comentário: que tal a sociedade livre capitalista, sem intervenções estatais? Uma dica: façam um passeio de foguete – ou acessem o Google Earth, que é bem mais barato – e constatem que os países industrializados possuem uma cobertura vegetal bem mais preservada do que os pertencentes ao bloco comunista ou recém-saídos dele, bem como os do primitivo terceiro mundo. A área coberta dos EUA hoje é maior do que no tempo da colonização. Nunca a produção de alimentos foi tão grande – e continua crescendo!

O primeiro episódio da série apresenta soluções encontradas pela China e pelos moradores de Ruanda para garantir o desenvolvimento sustentável das populações. A repórter mostra como os chineses fizeram para controlar o crescimento populacional do país com a política do filho único e, na África, conta a história de Ruanda. O país africano passou por um genocídio étnico em 1994 e conseguiu dar a volta por cima e recuperar a qualidade de vida de seus moradores após o massacre. Através da preservação dos gorilas da Montanha dos Gorilas e do turismo estrangeiro gerado pelo interesse nos animais, eles geram hoje recursos que garantem a sobrevivência da população local.

Proibir as famílias de gerarem um segundo filho e executar a laqueadura forçada das trompas nas mulheres é a solução? Pois saibam que a China enfrenta sim, hoje, um gravíssimo problema de ordem previdenciária, pois a política de filhos únicos provocou uma inversão da pirâmide etária que está para gerar grandes transtornos econômicos de repercussões mundiais. Quanto a Ruanda... abrir zôos é a solução? Aff...

Como se poderá ver, já no primeiro episódio o argumento se pauta pelo controle limitador da população, a legitimar as pesadas campanhas contraceptiva, abortista, eutanasista e gayzista que já estamos faceando em larga escala pelos meios de comunicação. 

Jamais na história Thomas Malthus e Charles Darwin deram uma dentro, a não ser olhando para o passado ou tomando como modelo a tenebrosa vida dos animais irracionais na natureza. A liberdade dos seres humanos sempre estimulou a criatividade, com resultados cada vez mais fantásticos de produtividade na produção de alimentos, geração de energia,  educação, comunicação, vestuário, transporte, medicina e todos os outros âmbitos da vida material.

A grotesca proposta sociológica - estudar a população para manipulá-la como um um terno jogo de lego - não passa de arrogante cientificismo que se jacta do alto de sua soberba ignorância e magnificentíssima insignificância a fim de pretender ocupar um lugar que jamais será seu por direito: o trono de Deus.

Aqueles que pregam as teorias malthusianas e darwinistas - que não são outros que não os coletivistas socialistas – somente têm em mente construir os seus mirabolantes planos para dominar a sociedade com o fito de viver nababescamente às custas do trabalho dos demais. Como diz o ditado popular: “enquanto houver cavalo, São Jorge não anda a pé”. Quem quer carregar estes tipos nas costas?

domingo, 13 de maio de 2012

IDIOMA E PERDA DE BIODIVERSIDADE

Pesquisa

Estudo liga perda de biodiversidade ao fim de idiomas

Entre as cerca de 6.900 línguas faladas no mundo, mais de 4.800 surgiram em regiões com alta biodiversidade, que estão perdendo importância; degradação da biodiversidade fez com que culturas e línguas também fossem perdidas


O estudo mostra que 70% dos idiomas do mundo inteiro foram descobertos em locais com as mais ricas biodiversidades (iStockphoto/Thinkstock)


O declínio da diversidade cultural e linguística está ligado à perda de biodiversidade, informou neste domingo, baseada em um estudo, a rede britânica BBC. Segundo uma pesquisa publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), 70% dos idiomas do mundo inteiro foram descobertos em locais com as mais ricas biodiversidades.
A degradação da biodiversidade fez com que culturas e línguas também fossem perdidas. “Os biólogos estimam uma perda anual de espécies 1.000 vezes maior do que os recordes históricos, enquanto os linguistas preveem que entre 50 a 90% dos idiomas vão desaparecer até o fim do século”, dizem os pesquisadores.

Pesquisa - O responsável pelo estudo, professor Larry Gorenflo, da Universidade de Penn, nos Estados Unidos, disse que já havia detectado uma conexão entre os dois tipos de diversidades, mas ainda não havia detalhamento suficiente para publicar um estudo a respeito. “Nós usamos dados novos para ter um entendimento mais sólido de como as línguas e as biodiversidades aconteceram simultaneamente e quão extensa geograficamente era a linguagem”, disse Gorenflo à BBC. Os pesquisadores também examinaram áreas menores com rica biodiversidade, como áreas preservadas restritas.
Entre as cerca de 6.900 línguas faladas no mundo, mais de 4.800 surgiram em regiões com alta biodiversidade, diz o estudo. Para Gorenflo, esses locais são muito importantes e estão se tornando cada vez menos. “O estudo dá uma oportunidade maravilhosa para unir os esforços de conservação. As pessoas que buscarem fundos para conservação biológica podem colaborar com aquelas que buscam fundos para conservação linguística ou cultural”, explica o professor.
“No passado, era muito difícil fazer os biólogos olharem para as pessoas. Mas isso mudou muito nos últimos anos. Biólogos e ecologistas estão vendo agora que as pessoas fazem parte desses ecossistemas”, afirma Gorenflo.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

PERNAMBUCO FALANDO PARA O MUNDO


PERNAMBUCO FALANDO PARA O NORDESTE E PARA O MUNDO:O ART DÉCO E A ARQUITETURA DA RADIODIFUSÃO





Aline de Figueirôa Silva1

O art déco vem sendo (re) visitado pela historiografia da arquitetura brasileira e ainda comporta ilustres desconhecidos, primos pobres e ricos de uma generosa família que se espalha pelo Brasil. A cada nova pesquisa, a cada nova publicação, nos deparamos com casos análogos ou manifestações locais. A ocasião de elaboração deste artigo revela, por um lado, traços de uma genealogia comum, e, por outro, traz à tona exemplares praticamente desconhecidos, porém significativos para o acervo de Pernambuco, quiçá do País.2 Propomos, então, uma incursão pela arquitetura da radiodifusão em Pernambuco, privilegiando os municípios do interior.

1 Arquiteta e Urbanista e Mestre em Desenvolvimento Urbano pela UFPE, Professora do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade do Vale do Ipojuca (Favip), onde coordena o Laboratório da Imagem e a pesquisa História da Arquitetura no Agreste de Pernambuco. Pesquisadora do Laboratório da Paisagem/UFPE.

Revista UFG / Julho 2010 / Ano XII nº 8, págs. 52-54


A partir de 1920, o Brasil entrava na era fonográfica e na era do rádio, que viveu os anos dourados entre as décadas de 30 e 50, em meio ao clima de ebulição política, social,artística e intelectual. A primeira emissão radiofônica do País data de 7 de setembro de 1922,feita pelo presidente Arthur Bernardes como parte dascomemorações do Centenário da Independência do Brasil (Comegno, 2008, p. 11-14). A rádio tornou-se um veículo de informação e entretenimento. Sediou festivais e audições musicais, a radionovela, o radioteatro, programas de auditório, transmissões educativas e esportiva se praticou o chamado “jornalismo de utilidade pública”.

Em 1948, Francisco Pessoa de Queiroz, bacharel em Direito, diplomata, político e dono do Jornal do Commercio, inaugurou a Rádio Jornal do Commercio do Recife, disseminando o slogan “Pernambuco speaking to the world”.

A partir de 1951, o empreendedor instalou quatro radio difusoras no interior, com o slogan “Pernambuco falando para o Nordeste”, expandindo a radiodifusão na região.

Em Garanhuns, veio à luz a primogênita e, posteriormente, vieram as rádios de Caruaru e Pesqueira – trigêmeas univitelinas –, e, por fim, a rádio de Limoeiro, supostamente a caçula da família pernambucana e gêmea bivitelina.

Há, entre pesquisadores pernambucanos, controvérsias quanto à autoria do projeto arquitetônico das rádios do Recife e do interior. Creditamos o projeto da rádio de Garanhuns e, logo, de Caruaru e Pesqueira, aos engenheiros Hugo Guimarães e Paulo Pessoa de Queiroz (Jornal do Commercio, 26.5.1951).

Nestas três cidades, o complexo arquitetônico inclui auditório, estúdios, camarins, salas de espera e direção, e transmissores, implantados em uma gleba onde se erguia a monumental antena, presa ao solo por tirantes. O conjunto é delimitado por um muro externo e adornado por um jardim na entrada. Solta no terreno, a edificação é ricamente valorizada em todas as fachadas e emprega elementos à moda streamline. A diferenciação volumétrica corresponde à distinção funcional em planta baixa. O volume vertical abriga uma pequena copa, o reservatório d’água e o maquinário do relógio, de onde, através dastrês janelas escotilhas, chega-se à coberta.

Cantos arredondados, elementos escalonados, rasgos com janelas basculantes contínuas, brises horizontais em argamassa de cimento e os caracteres tipográficos na fachada e no auditório são marcas indeléveis do art déco e exprimem a velocidade das modernas máquinas náuticas e aéreas. A coberta, revestida por telhas de fibrocimento, está escondida por frisos de arremate da fachada.

O relógio e a efígie de um índio, símbolo do Jornal do Commercio e de identificação nacional, comparecem na fachada frontal. O auditório comporta cerca de 500 cadeiras de madeira numeradas e ondulações na parede ao fundo do palco, certamente para melhor efeito acústico.





Relevos escultóricos nas alvenarias compõem sua decoração, retratando elementos da flora regional, notas musicais e ondas hertzianas.

O glamour da era de ouro derrama-se pelas juntas douradas dos pisos em granilite preto e verde, portadas monumentais, luzes do muro e do relógio, prolongando-se pela iluminação pública. O alto-falante, presente no mezanino da rádio de Limoeiro, funcionava para a escuta das radionovelas.

Esta rádio se diferencia em planta e implantação, pois ocupa um terreno em meio de quadra, já que sua antena foi instalada no morro conhecido como Cruzeiro. Possui ligação direta entre a rua e os camarins, garantindo acesso privativo aos artistas, e um salão nobre, onde ocorriam eventos solenes. No pavimento superior, encontram-se uma residência funcional e o maquinário do relógio.

Diversos documentos antigos perdidos sinalizam seu caráter de utilidade pública, funcionando como um ponto de Achados e Perdidos. As quatro rádios utilizam os mesmos materiais construtivos, mobiliário, peças sanitárias, gabinetes para senhores e senhorase características do estilo, constituindo primorosos exemplares do art déco.

Ao percorrê-las, fomos agraciados com valiosos depoimentos e pudemos colher algumas reminiscências sobre coisas e fatos reveladores do seu passado. Apesar da ação do tempo, novos usos mantêm vivo o antigo suporte em Pesqueira, Limoeiro e Garanhuns. Estas conservam, enfim, os traços originais que lhes foram dados e impõem sua volumetria na paisagem urbana. A rádio de Caruaru, a única tombada pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, comporta as maiores modificações após a instalação do Shopping e Empresarial Difusora. A Rádio Jornal do Recife literalmente tombou! Deu lugar a um supermercado em 1989(Amorim, 2007, p. 67; 98).

Os exemplares de Pesqueira e Limoeiro encontram-se bastante íntegros, conservando mobiliário, alto-falantes, pisos, relevos, portões, basculantes, esquadrias, bilheterias e maquinário originais, mantendo viva a atmosfera dos anos dourados. A rádio de Limoeiro, atual Centro Cultural Ministro Marcos Vinícius Vilaça, reduz a carência de espaços de convenção, eventos e solenidades na cidade, uso que poderia ser potencializado em outros casos. A rádio de Pesqueira abriga, no pequeno estúdio, a atual Rádio Jornal AM 1390.

É admirável que esse conjunto arquitetônico permaneça de pé, uma vez que as rádios enfrentaram a censura imposta pelo regime militar e a concorrência da televisão a partir da década de 1960, que lhes roubava o elenco artístico e a audiência noturna, e das FMs nos anos 70 e 80 (Comegno, 2008; Morais, Lima e Marques, 2004). As rádios pernambucanas são edificações notáveis, que falam, agora, através de nossa interlocução, se não para o mundo, ao menos para o Nordeste e para o Brasil. Ao (re) encontro, quem sabe, de outros parentes desconhecidos...

domingo, 6 de maio de 2012

ANOS DE CHUMBO


1933-1945  OS (VERDADEIROS) ANOS DE CHUMBO


Com que autoridade moral, pois, ainda erguem seu dedo acusador contra os “filhotes da ditadura”? Malgrado a força intrínseca desses fatos e números, a malícia esquerdista poderá tentar neutralizá-los alegando que saem da boca de um anticomunista. Mas seria inverter causa e efeito. Não penso essas coisas por ser anticomunista: tornei-me anticomunista porque me dei conta dessas coisas.

Olavo de Carvalho em 'Filhotes do genocídio' - Época, 02 de junho de 2001.

Enquanto a esquerda brasileira clama contra os terríveis “anos de chumbo da cruel ditadura militar brasileira” e ataca as reuniões comemorativas de 64 e o lançamento do livro sobre o Presidente Médici, seus próceres esquecem (?) de que os piores crimes contra a humanidade foram cometidos por seus admirados predecessores: Lênin, Stalin, Mao Zedong, Hitler, Castro e Che Guevara. Piores não apenas quantitativamente – o que já seria relevante – mas em crueldade, cinismo, hipocrisia e puro demonismo.


Ao limitar-me aos anos 1933-45 não estou de forma nenhuma deixando de lado os genocídios que ocorreram nos períodos anteriores ou posteriores, como o praticado pelo Império Otomano contra os armênios de 1915 a 1918. Um número estimado entre 500 e 600 mil pessoas foram queimados, fuzilados ou dizimados por torturas e morte pela fome. Muitos foram exilados, expulsos ou fugiram para tentar sobreviver. Para dar um nome à matança foi cunhado por Raphael Lemkin o termo genocídio. Acredita-se que o total de mortos atingiu 1,5 milhão. No último dia 24 de abril a Igreja Armênia do Brasil lembrou o 97º aniversário do da matança. Nem desconsidero os massacres posteriores de Mao Zedong, Pol Tot, Fidel e outros comunistas. Também não desprezo os mais de 300 milhões de mortos pelo Islã nos últimos 1.400 anos.

A característica de todos foi a tentativa de destruição de qualquer resquício da civilização (sem adjetivo, pois só existe uma: a ocidental judaico-cristã).


Uma das acusações mais freqüentes a textos como este é que “os cristãos mataram milhões na maldita Inquisição” e não têm moral para falar. Pois as mais novas pesquisas históricas revelam que os números de mortes e torturas foram exagerados deliberadamente. Os números usados por Juan Antonio Llorente para a Inquisição Católica Espanhola (350 mil processos e 32 mil condenados) têm sido contestados por pesquisadores independentes. Ricardo García Cárcel & Mario Moreno Martínez (Inquisición. Historia Crítica), Antonio Dominguez Ortiz (Estudios de la Inquisición Española) e Jaime Contreras admitem 150 mil processos, 5 mil vítimas mortais; 3.500 por judaísmo e o restante por diversas heresias. As torturas atingiram se tanto 2 a 3% do total. Para Henry Kamen, expert em história moderna, a Inquisição Católica espanhola foi muito inferior à da França ou as protestantes na Inglaterra, Escócia, Alemanha e Holanda. (Todos estes autores são citados na insuspeita revista esquerdista espanhola Historia Y Vida, nº 519).


Os anos de terror a que me refiro aqui vão de 1933 a 1945. Segundo Timothy Snyder (Bloodlands: Europe between Hitler and Stalin, Basic Books, NY, 2010) os anos de genocídio podem ser divididos em três períodos:


1) 1933-1938 – a União Soviética foi responsável por quase todas as matanças.


2) 1939-1941 – como resultado do Pacto Molotov-Ribbentropp houve um balanceamento das ações entre os dois aliados.


3) 1941-1945 – os alemães foram responsáveis por quase todas as matanças.

Desde 1944, ano em que foi publicado The Road to Serfdom, de Friedrich von Hayek, o mundo sabe que o fascismo jamais foi uma reação contra o socialismo, mas ambos têm raízes comuns no planejamento econômico centralizado no Estado e no poder deste sobre os indivíduos. Por mais que as esquerdas acusem os liberais e conservadores de fascistas, como os idiotas em frente ao Clube Militar, a história demonstra que o fascismo e sua versão nazista e o comunismo são gêmeos univitelinos, separados apenas por conveniência propagandística de Stalin após a traição de Hitler ao romper o pacto Molotov-Ribbentropp e invadir a URSS em 1941.


A história do terceiro período (41-45) é suficientemente conhecida, pois os judeus, com justa razão, não nos deixam esquecer o Holocausto. Mas a dos demais períodos são ocultadas com zelo pela esquerda, principalmente o Holodomor, o Holocausto Ucraniano.

Segundo Snyder:


os stalinistas colonizaram seu próprio país, e os nazistas colonizaram a Ucrânia Soviética ocupada: e os habitantes da Ucrânia sofreram e sofreram. Durante os anos em que tanto Stalin quanto Hitler estiveram no poder, mais pessoas foram mortas na Ucrânia do que em qualquer outro lugar nas terras ensangüentadas(bloodlands) ou na Europa, ou mesmo no mundo”.


Nunca tantos mataram tantos em tão pouco tempo! Mais de 30 anos antes de Alexander Soljenitsin, em seu Arquipélago Gulag, Victor Andreievich Kravchenko, em I chose freedom, já denunciava as atrocidades dos campos de concentração na União Soviética. Mas o estudo de Snyder, embora não tão pungente, vai além: em 476 campos de trabalho forçado, 18 milhões de pessoas foram sentenciadas, das quais entre 1,5 e 3 milhões  morreram.


Sem falar no pior: a fome! Os ucranianos foram condenados conscientemente a morrer de fome e os famintos ainda eram cinicamente acusados de ‘sabotadores do plano qüinqüenal’. O canibalismo instalou-se como norma: pais comiam o corpo de seus filhos mortos e vice-versa. Irmãos comiam os menores, que morriam antes.


Quem defende ou mesmo silencia sobre estes crimes, tem moral para acusar alguém, de quê?

UM ACORDO EM DESACORDO

O samba-do-criolo-doido  da nova ortografia da língua portuguesa está tocando faz tempo.O novo acordo ortográfico elaborado e aprovado pela  Comunidade de Países de Língua Portuguesa, desde 1990, ainda vai dar muito o que falar.
Tanto no Brasil quanto em Portugal há muita resistência ao novo acordo.Gosto de escrever idéia, com acento agudo e eloqüencia com trema.As pontuações e os acentos dão mais força a expressão e ao pensamento.Penso assim. Veja o texto abaixo:

Senado quer fazer quiproquó com o acordo ortográfico

Às vésperas de regras vigorarem de forma definitiva, senadores querem revisar acordo que unificou ortografia nos países de língua portuguesa

Thais Arbex
Em dezembro deste ano, será decretado, definitivamente, o fim do trema. Nenhum qüiproquó, por mais generalizado que seja, será mais aceito com os dois pontos em cima da letra u. Nenhuma idéia, por mais esdrúxula que seja, terá acento agudo na letra e. Vôo e enjôo deixam para trás, de uma vez por todas, seus acentos circunflexos. E o alfabeto passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w" e "y". 


As regras não são novas. Estão em vigor desde janeiro de 2009, quando o Brasil e todos os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) - Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste - assinaram o acordo ortográfico. Os brasileiros tiveram quatro anos para se adequar às novas regras. Durante esse período, tanto a grafia anterior como a nova foram aceitas oficialmente. Mas a partir de 1º de janeiro de 2013, as regras antigas deixam de ter validade e passa a vigorar, então, a nova ortografia da Língua Portuguesa – cujas normas foram organizadas pela Academia Brasileira de Letras (ABL) na quinta edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP).  


No entanto, a confusão em torno do acordo ortográfico, elaborado para uniformizar a grafia das palavras dos países lusófonos, ou seja, os que têm o português como língua oficial, está longe do fim. E se depender do Senado Federal, o qüiproquó vai continuar. E carregando seu trema por muito mais tempo.  


Acusação - Há um mês, os senadores Ana Amélia Lemos (PP-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF), Cyro Miranda (PSDB-GO) e Paulo Bauer (PSDB-SC) promoveram uma audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado para discutir a revisão da reforma ortográfica. Também participaram do debate os professores Pasquale Cipro Neto e Ernani Pimentel, idealizador do Movimento Acordar Melhor. Ele acusa a ABL de fazer alterações no texto do acordo ortográfico após a assinatura dos países membros da CPLP.  


Segundo Pimentel, a Casa de Machado de Assis teria publicado na quinta edição do VOLP normas que não foram acordadas entre os oito países. “A ABL mexeu em vários pontos do acordo sem autorização. O que está sendo implantando é ilegal. O VOLP desrespeita e altera o texto original”, acusa Pimentel. 


Autoridade máxima no Brasil quando o assunto é novo acordo ortográfico, o gramático e imortal Evanildo Bechara, afirma, no entanto, que as acusações “não condizem com a verdade”. De acordo com ele, que é autor da Moderna Gramática Portuguesa, a Academia Brasileira de Letras adaptou a quinta edição do VOLP “ao que ficou acertado no texto do acordo”.


“Em 2008, estávamos com a quarta edição do VOLP esgotada. Quando partimos para a quinta edição, estava em plena efervescência a discussão sobre a implantação do novo acordo. Por isso, acreditamos aqui na Academia que havia chegado o momento de implantarmos o acordo na quinta edição do VOLP”, diz. 


Audiência Pública - Autora da requisição da audiência pública, a senadora Ana Amélia passou a defender a revisão das novas regras logo depois que foi procurada por Pimentel, em dezembro do ano passado. Foi ela quem sugeriu aos colegas que a Academia Brasileira de Letras fosse convidada para ir ao Senado explicar o novo acordo ortográfico. “Eu, assim como o professor Pimentel, defendo a redução e o aperfeiçoamento do acordo. E também queremos tratar disso de forma diplomática e política”, afirma. 


Bechara, responsável pela produção da quinta edição do VOLP, com as novas regras da ortografia, foi de fato convidado a participar da discussão que aconteceu no dia 4 de abril. Mas diz que não pode comparecer à reunião por estar em um congresso fora do país que se estendeu até o dia 17 de abril. Nas palavras de Ana Amélia, no entanto, ao não comparecer à audiência, a ABL “mostrou falta de vontade de debater o assunto". 


Bechara disse ao site de VEJA que pediu ao Senado para que a data do encontro fosse adiada, mas que seu pedido não foi atendido. “Logo que fui chamado a compor a mesa, informei ao Senado a impossibilidade de comparecer à reunião. Apresentei duas possibilidades: de a reunião ser transferida para outra data e a outra possibilidade de marcar uma nova reunião para eu prestar esclarecimentos aos senadores”, diz.


Como a data da audiência não foi alterada, assim que voltou ao Brasil, no dia 18 de abril, Bechara enviou uma carta ao Senado colocando-se à disposição dos senadores para ir à Brasília. O gramático pretende apresentar aos parlamentares um histórico do acordo. “Vou mostrar as sem-razões das críticas. Vamos fazer o histórico do acordo, onde e em quais fatos o acordo se baseia”, afirma Bechara. 


Até agora, no entanto, o Senado não enviou resposta ao imortal. 


Como surgiu o acordo - As regras do novo acordo estão prontas desde 1990, quando o texto foi elaborado e aprovado pelos representantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Naquele ano, o que se pretendeu fazer foi um acordo que unificaria a ortografia em todos os países de língua portuguesa. Até então, Portugal se regia pelo acordo de 1945 e o Brasil, pelo de 1943. 


O texto de 1990 tratou apenas das divergências entre os acordos de 1945 e o de 1943. Tudo o que era comum nos dois sistemas não entrou em discussão na redação do novo acordo. “Porque se já era comum, já estava previamente acordado entre os dois países”, justifica Bechara. 


“Começaram a dizer que a Academia inovou, que a Academia fugiu do acordo. Mas a pessoa que faz a crítica não entende que o acordo de 1990 é, em 90% dos casos, uma reedição do acordo português de 1945. Por isso, nós brasileiros tivemos que abrir mão de muitos mais fatos do que os portugueses”, afirma o imortal, que ocupa a cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras. 


De fato, em números, as mudanças para os brasileiros são quase insignificantes: a norma escrita teve 0,43% de suas palavras mudadas. Em Portugal, 1,42%. Até julho de 2004, era preciso que todos os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificassem as novas normas para que elas entrassem, de fato, em vigor. Mas um acordo feito naquele ano estabeleceu que pelo menos três países ratificassem os termos da proposta, o que ocorreu somente em 2006. O Congresso brasileiro aprovou as mudanças em 1995, seguido de Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro daquele mesmo ano.


De acordo com a Divisão de Promoção da Língua Portuguesa do Itamaraty, dos oito países membros da CPLP, apenas Angola e Moçambique ainda não ratificaram o acordo. 


Os próximos passos do Senado - Agora, os senadores se articulam para criar, nos próximos dias, um grupo de trabalho na Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Casa para acompanhar o assunto. A proposta do senador Cristovam Buarque é que o grupo seja misto, formado por senadores e deputados. “Para nós, ficou claro que existiu pressa na implantação do acordo. E precipitação sempre dá errado. Nosso objetivo é melhorar o acordo e não impedir que ele entre em vigor”, afirma.


Um dos objetivos dos parlamentares, de acordo com o senador Paulo Bauer, é realizar uma série de reuniões para que sejam esclarecidas as confusões em torno das novas normas. “Precisamos descobrir se os problemas têm soluções, se podemos fazer mudanças sem ferir o acordo e a nossa língua. Por enquanto, as novas regras estão afrontando a língua”, diz.


Mas, de acordo com a senadora Ana Amélia, o pedido de anulação do acordo não está descartado, já que a partir do próximo ano, nos livros didáticos, vestibulares e concursos públicos as novas normas passam a ser obrigatórias. “Podemos tomar uma posição mais firme em relação ao acordo, como propor o fim do acordo ou pedir o adiamento dele, para que não entre em vigor a partir de janeiro de 2013”.


Derrubar o acordo ortográfico, ressalte-se, seria jogar dinheiro público fora. Antes de decidir se seguirá por caminho tão radical, diz Ana Amélia, o Senado quer acompanhar como está a discussão a respeito do acordo nos outros países. Durante a audiência pública, além do adiamento da implantação do acordo, foi proposta também uma nova reunião internacional, com representantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa para todos os pontos do novo texto sejam rediscutidos.


O desacordo em Portugal - Portugal tem até dezembro de 2014 para concluir o processo de implantação da nova grafia. Mas lá o acordo ortográfico ainda enfrenta muita resistência. Tanto que os alunos portugueses só começaram a aprender as novas regras neste ano - três anos depois de as novas regras terem sido acordadas. 


Apesar de se dizer a favor do acordo, o secretário de estado da Cultura do país, o escritor Francisco José Viegas, tem defendido mudanças no texto assinado em 2009. Em recente entrevista, ele afirmou que é preciso promover pequenas alterações pontuais, “sobre o que é pronúncia culta, pronúncia corrente e a sua correspondente ortografia”. 


A controvérsia sobre o acordo voltou à tona em Portugal depois que o poeta Vasco Graça Moura, ao assumir, em fevereiro, o cargo de diretor do Centro Cultural de Belém - de uma das mais importantes instituições culturais do país, determinou que fosse suspensa a aplicação do acordo ortográfico nos serviços sob sua tutela. Circula também na internet uma petição para que o parlamento português vote o fim do acordo. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

ECONOMIA VERDE

E N T R E V I S T A

"Não basta 'esverdear' a economia"

Dirigente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável diz que a economia verde exige que todo o sistema de produção seja repensado

Márcia Régis


Marina Grossi, presidente-executiva do Centro Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) (Sérgio Dutti)

"É necessário que, no futuro, uma redução do PIB acompanhada do aumento da qualidade de vida possa ser considerada um sucesso. Hoje, é vista como uma falha do governo. Para mudarmos essa realidade, a sociedade deve compreender e acompanhar os fatores que contribuem para a satisfação e a felicidade das pessoas, possibilitando a empresas e governantes experimentarem várias formas de tornar acessível a todos na sociedade um estilo de vida sustentável, lidando igualmente com as metas de desenvolvimento humano e bem-estar"

Principal articuladora do setor privado brasileiro no processo da Rio+20, Marina Grossi procura olhar além das restrições que transparecem nas negociações políticas em torno da declaração final da conferência. “Prefiro associar o desenvolvimento sustentável a grandes oportunidades, não só de negócios, mas também de felicidade para as pessoas”, diz. Marina atuou nas negociações do Protocolo de Kyoto, representou o G77 mais China na área de Mecanismo Financeiro, foi assessora do Ministério da Ciência e Tecnologia e fundou a Fábrica Éthica Brasil onde lançou a iniciativa “Carbon Disclosure Project”. Depois, como coordenadora da Câmara do Clima no Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), ajudou a trazer para o Brasil o “GHG Protocolo”, a ferramenta mais usada para medir as emissões de gases de efeito estufa. Atual presidente executiva do CEBDS, organização com status consultivo junto às Nações Unidas, participou da conferência de alto nível realizada na Holanda com o setor de negócios e indústria para a Rio+20, na primeira quinzena de abril. De lá, respondeu por email à seguinte entrevista ao site de VEJA:

Como as empresas esperam contribuir na transição para a chamada economia verde?

O holofote que a Rio+20 está jogando sobre a economia é muito importante, porque estimula o setor produtivo a entrar na discussão. O setor produtivo não enxerga a economia verde como uma alternativa ao desenvolvimento sustentável. Não se trata de “esverdear” a economia, mas de repensar o modelo de produção. O termo “economia verde” pressupõe que o crescimento econômico e a responsabilidade ambiental trabalhem juntos, se fortalecendo e apoiando o desenvolvimento social. Ou seja, falamos de uma economia que deve resultar em melhor qualidade de vida, desenvolvimento social e redução de riscos ambientais e demanda sobre recursos ecossistêmicos escassos.

O relatório Visão 2050 do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) estima que o mercado voltado para a economia verde possa chegar a 1,5 trilhão de dólares em 2020 e até 10 trilhões de dólares em 2050 – considerando-se os preços atuais. Entre as oportunidades de negócios, pode ser destacada a tecnologia de informação e pesquisa e desenvolvimento para aperfeiçoar sistemas públicos como o abastecimento de água, ou a coleta de esgoto. Nos sistemas de produção, o objetivo deve ser cuidar do ciclo de vida completo de materiais – desde a produção até o descarte. Dentro da economia verde, plantar árvores, aumentar a bioprodutividade das florestas, recuperar áreas degradadas e evitar o desmatamento vão contribuir para o desenvolvimento através de pagamentos por serviços dos ecossistemas.

Que impacto teria sobre o setor privado a adoção de um índice medidor de progresso que considere também a qualidade de vida?

É necessário que, no futuro, uma redução do PIB acompanhada do aumento da qualidade de vida possa ser considerada um sucesso. Hoje, é vista como uma falha do governo. Para mudarmos essa realidade, a sociedade deve compreender e acompanhar os fatores que contribuem para a satisfação e a felicidade das pessoas, possibilitando a empresas e governantes experimentarem várias formas de tornar acessível a todos na sociedade um estilo de vida sustentável, lidando igualmente com as metas de desenvolvimento humano e bem-estar. Outra medida importante é considerar que os recursos naturais "prestam serviços" à economia. Ou seja, na natureza o valor de troca ou venda de um recurso não pode ser definido apenas pela medida de utilidade que este recurso tenha. Isso tem que ser traduzido em preços aceitos mundialmente.

No tema da segurança alimentar, as empresas são criticadas pelas ONGs, que as acusam de serem oportunistas ao aderir à pauta do incentivo ao uso de novas técnicas agrícolas – por exemplo, as sementes transgênicas - para aumentar a produção e a qualidade dos alimentos. Qual é o ponto de vista do setor privado?

As empresas tentam trabalhar na melhoria da logística de distribuição dos alimentos. Dados do Instituto Akatu indicam que perto de 44% do que é plantado se perde na produção, distribuição e comercialização. Com mais 20% de perdas no processamento culinário e hábitos alimentares, as perdas totalizam 64% em toda cadeia.

As pesquisas agrícolas desenvolvidas são fundamentais para garantir a oferta de alimento adequada no futuro sem gerar externalidades negativas aos ecossistemas. Dentre os principais desafios para que o setor mantenha um desempenho positivo no Brasil, vale ressaltar que é necessário um conjunto de políticas estruturais e assistenciais, que ataquem principalmente os grandes problemas de desigualdades regionais e de renda.

O CEBDS lidera um esforço em prol de uma agricultura sustentável, envolvendo as empresas para que percebam que a sobrevivência delas depende da conservação da biodiversidade. É nosso papel promover uma agricultura de baixo carbono, que trabalhe para aumentar a produtividade sem expandir a área plantada, garantir o uso eficiente dos recursos hídricos, incrementar a pesquisa e desenvolvimento agrícola, treinar agricultores e ampliar as variedades de culturas, entre outras tarefas.

Está também na mesa uma grande discussão sobre privatização do saneamento básico.
Apesar do Plano Nacional de Recursos Hídricos reforçar a responsabilidade do poder público quanto ao saneamento e tratamento de esgotos, as empresas têm muito a contribuir com desenvolvimento tecnológico, tecnologia da informação e investimentos em parcerias público-privadas. As empresas têm responsabilidade com a pegada hídrica: a água é um bem que precisa ser valorado devidamente para que o setor empresarial insira este custo no valor de seus produtos e façam o uso adequado deste recurso, investindo na redução do uso, reciclagem e reposição e na proteção, recuperação e conservação das nascentes.

Indo além na questão, o marco institucional legal brasileiro é suficientemente robusto no ponto de eficiência hídrica: de fato, mais que um simples cumprimento legal de suas obrigações, as empresas – em especial as maiores, intensivas em uso da energia, indústria de transformação, alimentos e afins, e de escopo nacional – vão além, por já terem percebido que a eficiência no uso da água em seus processos industriais é um pressuposto caso queiram manter a competitividade.

Sobre a gestão de oceanos, discute-se a cobrança de pedágio para uso dos mares - como as empresas se posicionam, já que isso poderá encarecer frete de produtos, por exemplo?
Essa discussão é muito recente, especialmente no Brasil. As empresas ainda não se posicionaram conjuntamente quanto a isso. Um documento próximo à discussão foi emitido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) nas últimas duas últimas conferências do clima (2010 e 2011).

As empresas são a favor da expansão do uso de energia renovável? Há mercado no Brasil?

Entre 2000 e 2010 constatou-se um aumento de 42% na demanda de energia no Brasil. O consumo per capita de energia no país, entretanto, ainda é baixo quando comparado com os dos países europeus de clima semelhante, como Itália e Portugal. Portanto, apesar de quase metade (45%) da matriz energética brasileira energia proveniente de fontes renováveis, o país terá que ampliar sua matriz energética para suprir o rápido crescimento da demanda, proporcional ao aumento da população e atividade econômica. O país visa manter sua posição de liderança em sustentabilidade energética, portanto, deve preservar a proporção de renováveis na matriz considerando o crescimento esperado. Consequentemente, existe sim um grande mercado para energias renováveis. Esse mercado é justamente complementar à energia hidrelétrica. A tendência futura é ir substituindo a construção de térmicas por energias complementares à hidrelétrica, como a biomassa, a eólica (principalmente) e a solar.

As empresas têm enorme influência nas emissões de carbono. Como se comportam quando se toca na questão de influenciar os consumidores a comprar de quem emite cada vez menos, como pressupõe a plataforma europeia para a Rio+20?

Antes de tudo, uma correção necessária: o setor empresarial brasileiro tem, sim, alguma influência no total de emissões de carbono nacional, porém esta longe de ser enorme. Proporcionalmente, o setor empresarial emite, ao todo, apenas 1/10 da soma nacional, muito atrás de nossos principais emissores – desmatamento e uso do solo. Ressalva feita, isso não significa que as empresas brasileiras não terão que arcar com algum ônus da mitigação das mudanças climáticas: o Plano Setorial da Indústria da Política Nacional de Mudanças Climáticas estipula que os setores que mais têm influência no total de emissões deverão reduzi-las em 5% com base em uma curva potencial de crescimento até 2020. Dessa maneira, uma das estratégias igualmente vantajosa para as empresas e para o país como um todo é estabelecer diferenciais (como selos de eficiência energética, produto de baixa emissão etc.) a fim de indicar ao consumidor tal diferença – poucos sabem, mas as indústrias do plástico e cimento do Brasil são exemplos de liderança mundial em redução de emissões. Isso vem também, é claro, de uma política educacional de base sólida e que ao mesmo tempo enalteça essa preferência por produtos de baixo carbono e esclareça que, por vezes (como nos casos citados), produtos nacionais, ainda que potencialmente um pouco mais caros, são de melhor qualidade e de menor impacto ao meio ambiente que os produtos importados.

Um tema forte da Rio+20 tem sido a possível criação de uma agencia ambiental mundial para regular uso de recursos naturais: como as empresas compreendem um cenário que poderá até criar barreiras protecionistas, novas modalidades de multas ambientais, entre outros aspectos?

Costumamos nos deparar com uma ideia popularmente aceita de que, para as empresas, quanto menos governo, ou quanto menor a regulamentação, mais positivo é o cenário e o crescimento econômico. Porém, o resultado de um mundo com governança financeira e multilateral fraca tem causado um histórico de crescimento alternado por crises econômicas, escalamento das tensões sociais e aumento dos riscos ambientais. A governança atual trata mal a abrangência, magnitude e urgência dos nossos desafios sistêmicos. Estabilidade e regras claras são requisitos básicos para o crescimento e sobrevivência dos negócios. A definição da estrutura organizacional internacional para gerir os temas deverá ser acordada entre os países. O importante é que o resultado seja uma estrutura multilateral que contemple as três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental, e que tenha o poder e a agilidade necessária para auxiliar e acelerar na mudança em direção a um mundo mais sustentável.

As empresas são simpáticas à criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável?

Achamos importante que seja aprimorado o processo para o estabelecimento das novas metas, garantindo a participação do setor empresarial, para que os objetivos sejam audaciosos, mas realistas e de fato sejam cumpridos. Esperamos metas claras, significantes, com bases científicas e mensuráveis, como o primeiro passo para uma política de longo prazo. As metas do protocolo de Quioto e os Objetivos do Milênio são exemplos de processos de construção bem sucedidos, com métricas e prazos estabelecidos. As metas norteiam as ações das empresas, governos e sociedade civil ao mesmo tempo em que nos permitem verificar nosso progresso e, conforme necessário, corrigir estratégias. Os grandes benefícios de objetivos claros é que, além de promoverem alinhamento entre diversos setores da sociedade, reduzem a incerteza e risco e promovem o diálogo entre as partes. O setor empresarial acredita que objetivos e metas tornam a nossa economia mais eficiente.

ESTRELAS EJETADAS DA VIA LÁCTEA

E S P A Ç O

Astrônomos encontram estrelas ejetadas da Via Láctea

Astros teriam sido arremessados a três milhões de quilômetros por hora

Astrônomos identificaram 675 estrelas que parecem ter sido ejetadas da Via Láctea. Quando esses astros receberam o impulso para sair da galáxia, eram pequenas e amarelas, como o Sol. Contudo, em uma jornada de milhões de anos para fora da Via Láctea, elas envelheceram até se tornarem gigantes vermelhas (Michael Smelzer, Vanderbilt University)

Astrônomos encontraram 675 estrelas no espaço intergaláctico que teriam sido ejetadas da Via Láctea na direção da galáxia de Andrômeda, a 2,6 milhões de anos-luz. Essas estrelas estavam no núcleo da Via Láctea e foram arremessadas em altíssima velocidade: mais de três milhões de quilômetros por hora. O estudo, que ajuda a entender a história e evolução da Via Láctea, foi publicado no periódico Astronomical Journal.

BURACOS NEGROS
 
Corpos tão densos que a força da gravidade existente não deixa escapar nada - nem sequer a luz -, engolindo matéria visível e invisível aos olhos humanos (matéria escura). Alguns podem ter o tamanho de uma estrela, e por isso se supõe que procedem da explosão de uma estrela gigante. Outros, no entanto, têm o tamanho equivalente ao de bilhões de sóis e são denominados 'supermassivos'.


GALÁXIAS
 
A definição do que é uma galáxia não é consenso entre os astrônomos. Mas a maioria concorda que o 'amontoado' de estrelas, planetas e nuvens de gás e poeira deve obedecer a alguns critérios: presença de estrelas próximas pela ação da gravidade, sistema estável, diversidade de estrelas, influência da matéria escura e dominância em relação aos ambientes que estão próximos.

Para uma estrela ser ejetada da galáxia, ela precisa ser arremessada com uma força colossal, capaz de colocá-la a mais de três milhões de quilômetros por hora. Nessa velocidade seria possível fazer uma viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro em meio segundo. De acordo com os astrônomos, o único corpo capaz de lançar estrelas para fora da Via Láctea é o buraco negro massivo que cientistas acreditam estar no centro da galáxia. Seu campo gravitacional é capaz de acelerar as estrelas a altíssimas velocidades – efeito similar ao de uma sonda que pega impulso na gravidade terrestre para ser enviada a um planeta distante.

Os cientistas da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, escolheram 675 estrelas entre milhões catalogadas no
Sloan Digital Survey, a imagem mais detalhada do universo já feita. "Sabíamos que elas estavam lá, fora da galáxia, mas nunca foram estudadas. Decidimos tentar", disse Kelly Holley-Bockelmann, coautora do estudo.

Para dizer que as estrelas foram ejetadas da Via Láctea, os astrônomos estudaram algo chamado "metalicidade" da estrela. Trata-se da proporção de elementos químicos diferentes de hidrogênio e hélio que o astro brilhante possui. Se uma estrela tem metalicidade alta, quase sempre indica que ela veio do núcleo de uma galáxia. Estrelas velhas ou no subúrbio galáctico tendem a apresentar metalicidade baixa.


As 675 estrelas do estudo são gigantes vermelhas com alta metalicidade. Como esse fator indica astros próximos do núcleo galáctico, os astrônomos acreditam que essas estrelas foram arremessadas para fora da Via Láctea. As gigantes vermelhas são estrelas que um dia foram pequenas e amarelas como o Sol e estão no fim da vida.


Antes de serem arremessadas para fora da Via Láctea, contudo, os astros brilhantes eram parecidos com o Sol. As estrelas envelheceram à medida que deixaram a nossa galáxia. Mesmo a velocidades altíssimas, uma estrela levaria 10 milhões de anos para sair do centro da galáxia até o limite, a 50.000 anos-luz.