sexta-feira, 27 de abril de 2012

DERRETIMENTO DE GELO NA ANTÁRTIDA


MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Correntes 'quentes' provocam derretimendo de gelo na Antártida
Pesquisadores calcularam o quanto as correntes influenciam no derretimento de plataformas de gelo e o impacto futuro na elevação dos níveis do mar


Imagem mostra a circulação das correntes oceânicas em volta das plataformas de gelo da Antártica Ocidental. As plataformas correspondem a parte colorida. O vermelho indica plataformas espessas (maiores do que 550 metros) e o azul corresponde àquelas com menos de 200 metros (NASA/Goddard CGI Lab) 

Um estudo realizado por um grupo internacional de cientistas mostrou que as correntes oceânicas quentes são a causa dominante no recente processo de derretimento de plataformas de gelo na Antártida. O resultado foi obtido com base em medições feitas pelo satélite ICESat, da Nasa. A descoberta, publicada nesta quarta-feira na revista Nature, aproxima os cientistas de projeções mais precisas sobre a elevação do nível do mar no futuro.

Já se sabia que tanto atividades atmosféricas quanto marítimas são as principais responsáveis pelo derretimento do gelo: correntes oceânicas quentes causam derretimento embaixo das plataformas e o ar quente, originado pelo verão, provoca derretimento na parte superior das placas de gelo. O objetivo desse novo estudo era verificar quanto desse derretimento era provocado por correntes quentes do oceano.

PLATAFORMAS DE GELO

São placas espessas de gelo, alimentadas por glaciares, que flutuam no oceano em torno da Antártida.

Com o objetivo de estudar o tamanho da influência que as correntes oceânicas quentes têm nesse processo, os pesquisadores usaram modelos computacionais para separar a influência das correntes de outros fatores que também provocam mudanças na altura das plataformas e glaciares, como a elevação das marés e o acúmulo natural de neve que compacta o tamanho das geleiras.

Com esses cálculos, os pesquisadores concluíram que em 20 das 54 plataformas de gelo estudadas o derretimento é causado por correntes quentes do oceano. A maioria delas está localizada na Antártida Ocidental. "Nós podemos perder uma grande quantidade de gelo para o mar sem ter havido aquecimento de verão suficiente para fazer a neve do topo dos glaciares derreterem", disse o autor principal do estudo, Hamish Pritchard, da British Antarctic Survey. "Todo esse movimento pode estar acontecendo debaixo do oceano."

Para mapear a mudança da espessura de quase todas as plataformas de gelo nos arredores da Antártida, o grupo usou uma série de 4,5 milhões de medições da altura da superfície das plataformas feitas a partir de um instrumento de laser do ICESat, entre outubro de 2003 e outubro de 2008. Eles mediram o quanto a altura da plataforma de gelo foi alterada ao longo desse período.

"Este estudo demonstra a importância de fazer cálculos de altura usando lasers posicionados no espaço para entender os processos da Terra", diz Tom Wagner, cientista da Nasa. "Se juntarmos dados de outras pesquisas da Nasa nós vamos ter uma visão mais compreensiva sobre como as mudanças sofridas por essas plataformas provocam o aumento do nível do oceano."

ICESat-2 — O ICESat foi o primeiro satélite desenhado especialmente para medir a altura das regiões polares da Terra com o uso de laser. Ele esteve em operação entre 2003 e 2009 e seu sucessor, o ICESat-2, tem lançamento previsto para 2016.

"Esse estudo demonstra a necessidade urgente do ICESat-2 ir pro espaço", diz Jay Zwally, cientista do projeto ICESat. "Nós temos informações limitadas sobre as alterações sofridas pelas regiões polares causadas pela mudança climática. Nenhum instrumento pode fazer mensurações tão objetivas como esse satélite."

Para medir o derretimento na base de plataformas e glaciares, a análise também levou em conta a influência das mudanças do vento. 

"Os estudos mostraram que os ventos da Antártida foram alterados devido às mudanças climáticas", diz Pritchard. "Isso afetou o comprimento e a direção das correntes oceânicas. Como consequência, a água quente fica afunilada debaixo do gelo flutuante. Esses resultados sugerem que os glaciares da Antártica estão respondendo rapidamente à mudança climática."


REUNIÃO DA RIO+20 EM NOVA YORK

Começa em Nova York mais uma rodada de negociações para a Rio+20

Secretário-geral da conferência diz que está otimista. Já são 135 as autoridades inscritas para discursar

 
O secretário-geral da ONU para a Rio + 20, Sha Zukang: o maior desafio começa a ser enfrentado depois da conferência (Divulgação ONU) 

Começou nesta segunda-feira, em Nova York, mais uma rodada de negociações sobre o documento final da conferência Rio+20, que acontece em junho, no Rio de Janeiro. Essa etapa da negociação termina em 4 de maio. Nela, os representantes dos países vão considerar uma série de medidas para promover o desenvolvimento sustentável, que incluem a definição de novas metas e indicadores, formas de financiamento inovador e ações que possam reduzir os atuais níveis insustentáveis de consumo e produção. Esta rodada oferece aos governos outra chance de rever a versão mais recente do documento final para a Rio+20 e ainda aprimorar o texto antes de as negociações seguirem para o Rio de Janeiro, em junho.

“Existe um delicado equilíbrio que precisa ser alcançado nas negociações que considere as necessidades e interesses de todas as pessoas”, afirmou o secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang. “Estamos chegando lá. Estou muito otimista de que as negociações e a Rio+20 serão um sucesso. Por um futuro melhor para todos nós e nossos filhos”.

As negociações estratégicas sobre o documento final da Rio+20, estão sendo formuladas para e a partir da “Minuta Zero” de 19 páginas, elaborado em janeiro e condensado a partir de 6.000 páginas de sugestões de governos, sociedade civil, academia. Em março, os governos fizeram um grande número de alterações no documento, que ficou com mais de 200 páginas, onde estão identificadas 26 áreas estratéficas de ação, entre elas água, energia, alimentos, empregos, cidades, oceanos, preparação para desastres, erradicação da pobreza, turismo, transporte, mudanças climáticas, consumo e produção sustentáveis, terras, produtos químicos e florestas. Também estão sendo consideradas e negociadas as metas de desenvolvimento sustentável, o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e a implementação de novas formas para medir o desenvolvimento dos países além do crescimento econômico e do PIB, levando em consideração o bem-estar geral da população e a proteção do meio ambiente.

Além das negociações, haverá diversos eventos paralelos centrados em questões globais, desafios e soluções que estarão sob consideração na Rio+20, incluindo a falta de acesso a energia e água potável, oceanos esgotados, insegurança alimentar, ampliação das desigualdades e a rápida expansão das cidades. Os próximos passos para a finalização do documento final da Rio+20 serão dados durante a rodada final de negociações, no Rio de Janeiro, de13 a 15 de junho, antes da Conferência oficial que acontece entre 20 e 22 de junho.

Até o momento, mais de 135 presidentes e chefes de Estado, vice-Presidentes, chefes de governo e vice primeiros-ministros estão inscritos na lista de oradores para a Rio+20.

EVOLUÇÃO HUMANA



AGRICULTURA SE ESPALHOU PELA EUROPA VINDA DO SUL, AFIRMAM CIENTISTAS

Novo estudo analisou o código genético de quatro esqueletos de europeus que viveram há 5.000 anos, durante a Idade da Pedra




A agricultura transformou, há entre 11.000 e 5.000 anos atrás, a então sociedade coletora-caçadora, essencialmente nômade, em uma sociedade capaz de produzir o próprio alimento (iStockphoto/ThinkStock) 

A agricultura se espalhou pelo Norte da Europa a partir do Sul do continente acompanhando movimentos migratórios. Essa é a conclusão de uma equipe de pesquisadores da Suécia e da Dinamarca, que reuniram pistas sobre um dos temas mais debatidos na história da humanidade: a transformação de grupos de indivíduos caçadores-coletores em sociedades agrícolas. O estudo será publicado nesta semana na revista americana Science.

CAÇADORES-COLETORES 

 Caçar e coletar era a principal prática de subsistência dos humanos há 11.000 anos. A maior parte da comida era obtida colhendo frutos na natureza e caçando animais. Com o advento da agricultura, os caçadores-coletores foram substituídos por grupos de agricultores na maior parte do mundo. Poucas sociedades contemporâneas são classificadas como caçadoras-coletoras. Muitas delas complementam a atividade por meio da agricultura.
A agricultura se desenvolveu no Oriente Médio há 11.000 anos. Antes disso, o homem era um caçador-coletor nômade, vivendo dos recursos disponíveis em determinada região, para depois seguir para outras áreas. Há 5.000 anos, a agricultura já havia chegado ao continente europeu. Mas a forma como a prática se espalhou, progrediu e afetou a vida dos antigos europeus ainda é tema de acolaradas discussões.

Um dos pontos que os especialistas debatem é se a agricultura surgiu em diversos pontos da Europa independentemente ou se um grupo migrante levou a técnica de um local ao outro.

O estudo realizado pelas universidades de Estocolmo e Copenhague usou técnicas avançadas para caracterizar o DNA de quatro esqueletos de humanos que viveram na Suécia há 5.000 anos, durante a Idade da Pedra. A pesquisa analisou o que os cientistas chamam de marcadores genéticos, pequenas pistas no DNA que definem certas características nos indivíduos. Três deles eram caçadores-coletores e um era agricultor.
Göran Burenhult/Divulgação


Um dos esqueletos encontrados em Gotland, na Suécia, que deram pistas sobre a semelhança genética entre agricultores da Idade da Pedra do Norte do continente europeu e a população do Sul

Os pesquisadores compararam os marcadores genéticos dos antepassados com dados de indivíduos vivos. O perfil genético do fazendeiro da Idade da Pedra combina com o de pessoas que vivem nas redondezas do Mediterrâneo, de acordo com os autores do estudo. Já o perfil dos três caçadores-coletores lembra o de europeus do Norte.

O estudo reforça a tese de que a revolução agrícola foi encabeçada por pessoas que migraram a partir do Sul da Europa e viveram lado-a-lado com coletores-caçadores por muitas gerações. "Hoje, ninguém tem o mesmo perfil genético dos caçadores e coletores, embora eles continuem representados na herança genética dos europeus modernos", disse Pontus Skoglund, um dos autores da pesquisa. "Se a agricultura tivesse se espalhado meramente como um processo cultural, não encontraríamos tamanha semelhança genética entre um agricultor do Norte e as populações do Sul."