quinta-feira, 18 de outubro de 2012

PLANETA DE DIAMANTE



Astrônomos descobrem planeta composto por diamante
Corpo celeste orbita uma estrela semelhante ao Sol na constelação de Câncer 

Ilustração mostra a composição do 55 Cancri-e: superfície de grafite sobre uma grossa camada de diamante. Mais abaixo, uma concentração de silício e o núcleo de ferro líquido (Reuters) 


Astrônomos descobriram um exoplaneta – planeta localizado fora do sistema solar – composto por diamante e grafite orbitando uma estrela semelhante ao Sol na constelação de Câncer, a 40 anos-luz de distância. Denominado 55 Cancri-e, o planeta havia sido detectado pela primeira vez em 2004, mas só agora os cientistas conseguiram confirmar a sua composição.

Duas vezes maior e com uma massa oito vezes superior à da Terra, o 55 Cancri-e faz parte de um sistema de cinco planetas que giram em torno de uma estrela única, que pode ser vista da Terra a olho nu. "A superfície parece estar coberta de grafite e diamante em vez de água e granito", informou Nikku Madhusudhan, pesquisador da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.



Órbita do planeta 55 Cancri-e dura apenas 18 horas

Três 'Terras' de diamante - De acordo com o estudo liderado por Madhusudhan, o 55 Cancri-e tem uma fina superfície de grafite cobrindo uma grossa camada de diamante puro. Os astrônomos estimam que um terço do planeta é composto pelo mineral - uma quantidade equivalente a três vezes a massa da Terra. "A ficção científica sonhou por muitos anos com planetas de diamante. Então, é incrível que finalmente tenhamos as evidências da existência deles no universo", declarou Nikku Madhusudhan para a revista National Geographic.


O 55 Cancri-e possui uma órbita extremamente rápida, completando uma volta ao redor de sua estrela em apenas 18 horas, além de uma temperatura bastante elevada, de aproximadamente 2.100 graus em sua superfície. Outros planetas compostos por diamante já haviam sido descobertos por cientistas, mas nunca ao redor de uma estrela parecida com o Sol.

Para Madhusudhan, a descoberta amplia as possibilidades no estudo dos planetas rochosos ao mostrar que eles podem ter componentes químicos fundalmentalmente diferentes dos da Terra.

 (Com agência EFE)





terça-feira, 9 de outubro de 2012

VIAGEM AO CENTRO DA TERRA

Geologia

Missão quer chegar até o centro da Terra em 2020

Consórcio internacional de cientistas planeja missão de um bilhão de dólares para perfurar a crosta terrestre e chegar ao manto. Com isso, pretendem decifrar antigos mistérios sobre a formação de nosso planeta

Guilherme Rosa

Um mês depois de o jipe-robô Curiosity pousar na Cratera Gale, em Marte,a humanidade alcançou outro ponto tão inexplorado quanto o planeta vermelho – mas sem um décimo do glamour e da publicidade recebida pela sonda da Nasa. No dia 9 de setembro, o navio japonês Chikyu escavou um buraco de 2.466 metros no fundo do mar e retirou amostras de rochas para pesquisas sobre o interior de nosso planeta. É a maior profundidade já atingida por uma missão científica e o mais próximo do manto terrestre que o homem já chegou. No entanto, segundo os cientistas responsáveis pelo projeto, essa missão é só um aperitivo de algo muito mais ambicioso.
Até o começo da década de 2020, eles pretendem triplicar essa distância, percorrendo seis quilômetros de rochas duras até atingir o manto terrestre – a camada imediatamente abaixo da crosta, onde podem estar guardados os segredos da formação do planeta e dos limites da vida. A região, que possui 68% da massa da Terra, ainda é um mistério para a ciência. “Perfurar até o manto é a missão mais desafiadora da história das ciências da Terra”, escreveram os geólogos responsáveis pelo projeto em um documento detalhando a escavação.
O valor total da empreitada é calculado em um bilhão de dólares. Tudo isso para atravessar com tubos de aço 4.000 metros de água, 200 metros de sedimentos e 5.500 metros de rochas basálticas. Depois de alcançar o manto, será necessário percorrer todo o caminho de volta, carregando as pedras a serem analisadas pelos cientistas (veja como será a missão no infográfico abaixo). “O comprimento total da broca terá de ser de 10 quilômetros, e o diâmetro do buraco, apenas 30 centímetros. Nem a ciência nem a indústria já percorreram essa distância em meio a pedras, no meio do oceano. Esse será nosso maior desafio”, disse Damon Teagle, pesquisador da Universidade de Southampton e um dos idealizadores do projeto, em entrevista ao site de VEJA.
Esforço internacional – A missão até o manto terrestre faz parte dos planos traçados pelo Programa Integrado para a Escavação do Oceano (IODP, na sigla em inglês) para os próximos dez anos. O programa reúne cientistas de vários países do mundo, como Estados Unidos, Japão e Austrália, com o objetivo de monitorar e coletar amostras do fundo do mar. Desde agosto, o Brasil faz parte do projeto, e cientistas do país devem estar em todas as missões do programa a partir de 2013 — inclusive nas que buscam o centro da Terra.
Os pesquisadores já escolheram três possíveis locais para a escavação: os mares ao redor do Havaí, da Califórnia ou da Costa Rica. Como a crosta da Terra mede de quatro a seis quilômetros debaixo do oceano e mais de trinta debaixo dos continentes, a missão terá de acontecer necessariamente em alto mar. Para escolher as localidades exatas, os pesquisadores tiveram de levar em conta fatores como idade e temperatura do terreno e condições climáticas do local.
O navio usado na perfuração deve ser o mesmo Chikyu que bateu o recorde de profundidade no mês passado. Ele foi desenvolvido por pesquisadores japoneses em 2002 justamente para ser usado nas missões do IODP. Os pesquisadores já adiantam que a equipe a bordo do navio deve enfrentar grandes dificuldades para cumprir sua missão, como "escavar em uma grande profundidade em pleno mar aberto, perfurar pedras extremamente duras, retirar as amostras de rocha sem contaminá-las, enfrentar temperaturas muito altas, chegando a mais de 300 graus Celsius, e pressão incrivelmente forte", enumera Teagle.
Outro problema é a duração das brocas usadas pela equipe. Embora feitas de uma dura mistura de carbeto de tungstênio (material três vezes mais rígido que o aço) com diamantes, elas não resistem a mais de 60 horas de trabalho, por causa do atrito com as rochas do centro do planeta. Até 2020, os pesquisadores devem encontrar modos de torná-las mais robustas e duráveis, senão correm o risco de o processo de escavação se estender por anos. Mas será que tanto esforço — e dinheiro gasto — vale a pena? Qual o objetivo disso tudo?


A viagem sem fim ao centro da Terra – O principal motivo para querer ir até o centro da Terra é simplesmente porque nunca estivemos lá. Tudo que sabemos sobre essa região e o que ela significa para a formação terrestre vem de evidências coletadas aqui na superfície. "Não temos nenhuma amostra do manto da Terra para estudar – e ele representa maior parte de nosso planeta", diz Teagle.
As primeiras evidências da existência do manto foram coletadas pelo meteorologista croata Andrija Mohorovičić em 1909, quando ele percebeu que as ondas sísmicas se moviam mais rápido abaixo dos 30 quilômetros de profundidade do que nas camadas acima, prevendo que haveria aí uma mudança na composição da Terra. A partir de rochas que chegaram até a superfície durante o surgimento de ilhas e vulcões, os pesquisadores sabem que a região é composta por minerais ricos em magnésio. "No entanto, não sabemos a composição exata do manto, porque as amostras foram alteradas pela reação química com a água do mar e o magma durante sua jornada até a superfície”, afirma o pesquisador.
E é justamente na composição química dessas rochas que mora, segundo os cientistas, a resposta para alguns dos segredos mais antigos da ciência, como a origem de nosso planeta. "É a partir dessa análise que poderemos saber como a Terra foi formada, como o planeta evoluiu a partir disso e como ele funciona hoje", afirma Teagle. Os pesquisadores ainda dizem que, ao visitar a região, vão poder entender quais os limites da vida: em que condições de temperatura, pressão e acidez ela é possível. "Podemos descobrir evidências de vida microbiana muito profunda, no fundo da crosta. Ou, quem sabe, até no próprio manto."
Segundo os pesquisadores, a exploração do centro da Terra tem outra semelhança com a exploração espacial, além da busca por territórios desconhecidos e por evidências de vida: ela não tem limites definidos. "Se conseguirmos atingir nosso objetivo, o próximo grande passo será alcançar a divisão entre a camada mais rígida e a menos rígida do manto, que se encontra a 150 quilômetros de profundidade, e está sob 1.300 graus Celsius", afirma Damon Teagle. Depois disso, existem mais 6.000 quilômetros totalmente inexplorados de rochas, magma e ferro. Assim como no espaço, não parecem haver fronteiras para a exploração científica do centro da Terra.

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/missao-pretende-atingir-manto-terrestre-ate-2020

domingo, 30 de setembro de 2012

INDÍGENAS DE MATO GROSSO E RONDÔNIA

Índios da Aldeia Mamaindê-Cabixi da etnia Nambiquara, Mato Grosso-MT .Foto Dimas Cunha/2012

Nambiquara
Anna Maria Ribeiro Fernandes Moreira da Costa

Etnia que vive atualmente em parte do oeste de Mato Grosso e sul de Rondônia, na faixa de terras compreendida entre as cabeceiras dos rios Juruena e Guaporé. Esse território é circundado ao norte pelos Rikbaktsa, Enauenê-Nauê (Salumã), Menkü e outros; ao sul e a leste pelos índios Haliti (Paresi); e a oeste pelos Aikanã e Cinta-Larga, em Rondônia. A etnia Nambiquara é constituída de vários grupos que ocupam espaços ecologicamente distintos, como a Serra do Norte, o Vale do Guaporé e a Chapada dos Parecis, cada qual com hábitos culturais diferenciados.
A denominação dos grupos pode estar relacionada à sua região de ocupação tradicional, ao nome de chefe do grupo ou a uma atividade em que o grupo se sobressai em relação aos demais. A família lingüística Nambiquara é independente, sem ligação com quaisquer outras da América do Sul e constitui-se de três línguas faladas: a Nambiquara do Sul (dos grupos do Vale do Guaporé e Chapada dos Parecis), a Sabanê e a Nambiquara do Norte (dos grupos Nambiquara da Serra do Norte). Apesar da diversidade dialetal presente na língua, todos os grupos que constituem a etnia Nambiquara constituem uma unidade maior e até homogênea, apesar das diferenças regionais. As primeiras referências sobre esse povo, hoje conhecido por Nambiquara, datam do século XVIII, quando as bandeiras paulistas atingiram o oeste mato-grossense.
 Os grupos da Serra do Norte e da Chapada dos Parecis, no início do século XX entraram em contato com os integrantes da Comissão Rondon que objetivou a ligação do Estado de Mato Grosso ao Amazonas através da Linha Telegráfica que cruzou os divisores das águas das bacias Platina e Amazônica, Juruena e Guaporé. Entre os anos de 1907 e 1915, a Comissão Rondon instalou em território Nambiquara várias estações telegráficas: as de Pontes e Lacerda, Nambikwára, Utiariti, Juruena (Major Amarante) e Pyreneus de Souza, em Mato Grosso; e, em Rondônia, as de Vilhena e José Bonifácio. Alguns grupos Nambiquara, principalmente os da Serra do Norte, receberam assistência do Serviço de Proteção ao Índio, que procurou discipliná-los para os trabalhos agro-pastoris, desconhecendo e desconsiderando por completo sua organização social. Diversas instituições religiosas católicas e protestantes tiveram contato com os grupos Nambiquara, a fim de catequizá-los.
Mesmo que algumas delas tenham permanecido durante décadas em terras Nambiquara, suas intenções missionárias foram infrutíferas. No início do século XX, segundo estimativas de Cândido Mariano da Silva Rondon, a população Nambiquara era composta de 20.000. As doenças infecto-contagiosas, principalmente o sarampo e a tuberculose, e o contato desenfreado com os agentes de contato contribuíram drasticamente para a redução da população. Somente do final da década de 1960 é que a Fundação Nacional do Índio inicia o processo demarcatório das terras Nambiquara. Processo esse até hoje não definido. Do imenso território tradicional com áreas contíguas que outrora abrigava todos os grupos Nambiquara, alguns deles hoje extintos, o pouco que resta está agora dividido em nove áreas, algumas não contíguas: Terra Indígena Nambikuara, Vale do Guaporé, Pyreneus de Souza, Lagoa dos Brincos, Taihãtesu, Pequizal, Sararé, Tirecatinga, Tubarão-Latundê.
http://www.matogrossoeseusmunicipios.com.br/NG/

terça-feira, 25 de setembro de 2012

VENTOS NA ESTRATOSFERA


Atmosfera

VENTOS NA ESTRATOSFERA INFLUENCIAM TEMPERATURA DO OCEANO

Cientistas descobrem que fenômeno climático a dezenas de quilômetros de altitude têm impacto nas correntes marítimas



A interferência da estratosfera sobre os oceanos só é possível pela existência, no Atlântico Norte, de uma área extremamente sensível às mudanças de temperatura, batizada pelo pesquisador de "calcanhar de Aquiles" (iStockphoto)

Um fenômeno climático que ocorre na estratosfera (entre 24 e 48 quilômetros de altitude) define o comportamento de correntes marítimas nas profundezas do oceano. Já se sabia que a troposfera (a parte da atmosfera que vai da superfície até 9,6 quilômetros de altura) é influenciada pela estratosfera e pelas correntes marinhas. Agora, pela primeira vez, cientistas da universidade americana de Utah estabeleceram a relação entre os dois extremos, separados por dezenas de quilômetros.

O mais interessante, de acordo com o cientista Thomas Reichler, autor do estudo publicado neste domingo no jornal científico Nature Geoscience, é que essa interferência só é possível porque se dá sobre uma região específica e extremamente sensível dos oceanos, ao sul da Groenlândia, batizada por esta razão de "calcanhar de Aquiles" do Atlântico Norte.


A equipe de Reichler percebeu, após diversas simulações, uma correlação entre os padrões de ventos estratosféricos conhecidos como vórtice polar (polar vortex em inglês; veja ilustração ao lado) e do comportamento das correntes marítimas. Periodicamente, os ventos da estratosfera enfraquecem ou até mesmo mudam de direção, influenciando a troposfera, que, por sua vez, impacta os mares. 
Thomaz Pinheiro



A mudança de temperatura na troposfera atua diretamente sobre o Atlântico norte, sobretudo na região ao sul da Groelândia. Ali, a baixa temperatura e a ocorrência de grandes quantidades de sal aumentam a densidade da água, formando uma coluna gelada, sensível às mudanças atmosféricas. Como efeito, todas as correntes marítimas são afetadas e sofrem alterações de temperatura.
Observando um padrão histórico de 30 anos, os cientistas conseguiram identificar uma relação entre as mudanças de comportamento nos ventos estratosférico e as alterações nas correntes no Atlântico norte.
Ação humana – Ao site de VEJA, Thomas Reichler disse que a descoberta pode influenciar nas previsões do aumento de temperatura causada pelo aquecimento global. Mas ainda é cedo para saber os efeitos de um fenômeno sobre o outro no longo prazo. "Os ventos da estratosfera podem agir para um lado ou para o outro, para o aquecimento ou para o resfriamento da temperatura", diz. "A ação humana, por outro lado, sempre causará o aquecimento, porque sempre jogará mais CO2 na atmosfera." 

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/ventos-na-estratosfera-influenciam-temperatura-do-oceano-diz-estudo.